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Legado de marca se constrói com impactos positivos na vida das pessoas

DEBATEDORES | Daniela Cachich

Empresas que se esquivam de temas relevantes para a sociedade dificilmente permearão o imaginário coletivo da população. Inclusive, no que diz respeito ao fortalecimento de marca, legado se constrói por meio de ações que impactam positivamente a vida dos cidadãos.

Isso é o que diz Daniela Cachich, presidente da unidade Future Beverages and Beyond Beer, da Ambev, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, produzida em parceria com a Brazilian Student Association (BRASA), a maior associação de brasileiros estudantes no exterior, e a Revista Problemas Brasileiros.

Segundo a executiva, “é possível deixar um legado trabalhando com marcas”, contanto que se busque transformar o ecossistema como um todo.

“Aprendi, ao longo da minha trajetória, que podemos usar o poder e o privilégio das marcas para impactar positivamente a vida das pessoas”, destaca. “Se as marcas não falam sobre algo que é relevante para a sociedade, dificilmente elas vão ser relevantes”, acrescenta.

Especificamente sobre como as empresas podem contribuir para tornar o Brasil mais inclusivo, Daniela chama a atenção para o fato de o País ter a maior Parada do Orgulho LGBTQIA+ do mundo. Por outro lado, é no território brasileiro onde mais ocorrem homicídios de pessoas trans em todo o planeta.

“Para mim, isso é muito urgente, porque essas são as pessoas que queremos que nos consumam. Então, até do ponto de vista de mercado potencial e de crescimento de negócio, como vou inviabilizar aqueles que quero que me consumam? Acho que este é um movimento urgente na comunicação e no posicionamento das marcas”, afirma.

Além disso, Daniela ressalta que, conforme estudos internacionais, equipes mais diversas e representativas geram mais crescimento e inovação às organizações. Ainda assim, defende que se evidenciem os resultados positivos de ambientes heterogêneos, como forma de propagar que a diversidade é o caminho para a prosperidade dos negócios.

“Quando há, na sala, só um grupo exatamente heterogêneo, em dois minutos esse grupo vai chegar a uma solução. Por quê? Porque as experiências, os estímulos e os repertórios são os mesmos”, aponta. “No momento em que existe um grupo muito mais diverso, não vai se chegar a uma resposta em cinco minutos. Vai demorar bem mais, porque haverá contrapontos. E na hora de se chegar a uma solução, esta será muito mais potente, porque tomou em consideração muitos fatores”, avalia.

O papel do executivo

Por atuar na indústria cervejeira, historicamente conhecida por objetificar a mulher em campanhas publicitárias, Daniela destaca que cabe aos líderes empresariais da atualidade questionar concepções enraizadas e desconstruir o que não faz mais sentido.

Temos um papel, como executivos, de também provocar um pouco o status quo e refletir se o que nos trouxe até aqui é o que vai nos fazer ir mais adiante”, reflete.

Além disso, a executiva da Ambev, que também ocupou cargos de destaque na Heineken, na PepsiCo e na Unilever, afirma que é tempo de líderes participativos, e não distantes dos subordinados. Neste sentido, ela critica a busca desenfreada pelo poder.

“O poder pelo poder é muito solitário. Ele faz você olhar o mundo através do olhar dos outros, e não sob o seu olhar, e você fica em um pedestal que me incomoda”, declara.

“Uma coisa que falo sempre é: ‘Quantas vezes você foi almoçar com a sua estagiária? Quantas vezes fez rota de mercado com o promotor? Quantas vezes desceu daquele lugar de poder e foi para um lugar onde se pode usar o seu poder para transformar o que se encontra e gerar mais valor?’”, questiona a executiva.

Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL!

Foto: Fabiano Battaglin

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