Abrir espaço à diversidade na liderança é obrigação de todos
ENTREVISTADOS
Criar ambientes onde mulheres, negros e pessoas de perfis distintos se sintam representadas pelas lideranças e possam almejar chegar a estas posições é uma obrigação de todos, especialmente daqueles que atingiram cargos mais elevados em suas carreiras. É o que pensa Daniela Weitmann, executiva de negócios e chefe do Departamento Digital da DLL, empresa holandesa do ramo financeiro.
Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Daniela conta que, quando trabalhou em uma grande empresa do ramo de produtos esportivos, notou que, quanto mais alto o nível hierárquico, menor a participação de mulheres nas posições de liderança.
“Isso foi um dos grandes motivos de eu ter sido a fundadora da Associação de Mulheres da Nike, que ajudou a conversar sobre estes tabus”, declara. “[A ideia era] como criar um ambiente em que as mulheres vão olhar para cima e se ver representadas. Isso é muito importante para conseguirmos mudar a meta [de diversidade]”, acrescenta.
Na entrevista, que faz parte da série UM BRASIL e BRASA EuroLeads – um novo olhar sobre o Brasil, com apoio da Revista Problemas Brasileiros (PB), Daniela ressalta que a abertura dos espaços de liderança para pessoas de grupos considerados minoritários não está ocorrendo com a rapidez esperada.
“Estamos tomando as medidas necessárias para que esta mudança seja feita na velocidade necessária? Provavelmente, não, mas acho que não podemos tirar de nós mesmos a responsabilidade de conduzir a mudança”, sinaliza a executiva.
Com experiência em grandes marcas internacionais em alguns países europeus, Daniela destaca que em nações mais igualitárias, como a Suécia, as pessoas reagem “à hierarquia de uma maneira diferente, porque todos se consideram iguais”.
Além disso, ela, estrangeira e grávida, não enfrentou tantas dificuldades para conseguir um emprego no país do Norte da Europa. O mesmo não ocorre, contudo, no Brasil e em outras nações ocidentais.
“Acho que existe uma consciência geral de que tem de mudar não só a participação de gênero, mas a racial e a de estilos de liderança. Muitas vezes, vemos somente pessoas extremamente extrovertidas na liderança, não vemos introvertidos em cargos de destaque”, salienta Daniela. “Então, acho que existe uma consciência geral de que isso tem de mudar”, reforça.
Papel do líder
Daniela afirma que é função do líder identificar a capacidade e a vontade dos subordinados, a fim de potencializá-los dentro da organização. Desta forma, quando há vontade, mas o liderado carece de determinadas habilidades, o líder deve prover condições de treiná-lo. Na situação contrária, quando sobra capacidade, mas falta vontade, a ideia é mentorar o subordinado.
“Como consigo mudar o seu mindset [mentalidade], vender o sonho? Saber fazer você sabe, mas ainda não comprou o sonho. O que faz o seu coração ticar? De repente, não é crescimento financeiro; de repente, é como vai influenciar outras vidas. Tenho de conhecê-lo melhor para saber como motivá-lo”, explica.
Na visão dela, cabe ao líder potencializar o crescimento de outros profissionais. “Quando vemos talentos que têm tanto vontade quanto capacidade, é só ajudar a voar”, sugere a executiva.
Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL!
ENTREVISTADOS

CONTEÚDOS RELACIONADOS

Modernização do Estado é necessária para melhorar a qualidade dos serviços públicos
Vera Monteiro, professora na FGV, acredita que a Reforma Administrativa precisa ser uma pauta permanente no Brasil
ver em detalhes
Desequilíbrio entre poderes atrapalha efetividade do Estado
Segundo Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, a democracia depende de harmonia entre Executivo e Legislativo
ver em detalhes
Cuidar da primeira infância é o caminho para desenvolver o País
Segundo a médica Vera Cordeiro, do Instituto Dara, combater desigualdades passa por garantir atenção, dignidade e direitos às crianças
ver em detalhes