Para transformar a realidade brasileira, é preciso transformar o Estado
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO

EM POUCAS PALAVRAS...
O que você vai encontrar nesta entrevista?
- Supersalários comprometem a gestão dos recursos públicos, opina Jessika Moreira, do Movimento Pessoas à Frente.
- Apenas disponibilizar informações não garante uma boa transparência, afirma Juliana Sakai, diretora-executiva da Transparência Brasil.
- A Reforma Administrativa é uma janela de oportunidade para o País, conclui Luciana Zaffalon, do JUSTA.
A mudança da realidade brasileira se dá por meio de transformações no funcionamento do Estado. Nesse sentido, a Reforma Administrativa é uma janela de oportunidade. É o que acredita Luciana Zaffalon, diretora-executiva da Plataforma JUSTA.
Em debate promovido pelo Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, em parceria com o Movimento Pessoas à Frente (MPaF), a especialista se junta às também diretoras-executivas Jessika Moreira, do MPaF, e Juliana Sakai, da Transparência Brasil, para tratar dos obstáculos da agenda de modernização estatal.
Sob diferentes pontos de vista, o encontro abordou as disparidades no funcionalismo e os principais desafios da administração pública, como os supersalários e a falta de transparência.
Supersalários comprometem recursos
- Gastos ineficientes. Jessika, do MPaF, critica os chamados “supersalários” no setor público. Ela acredita que os altos vencimentos comprometem a eficiência dos gastos públicos.
- Origem dos recursos. “Em 2023, foram R$ 11 bilhões em gastos — extrateto constitucional — com supersalários. Em verbas que estão ali classificadas incorretamente como ‘indenizatórias’, quando deveriam, na verdade, serem classificadas como ‘remuneratórias’”, explica. A verba citada é livre da incidência do Imposto de Renda (IR), cuja origem é a mesma dos recursos aplicados para financiar programas e políticas públicas, aponta Jessika.
- Supersalários geram desconfiança. “Isso compromete a boa gestão do recurso público e também a confiança da população sobre a qualidade do serviço, bem como das próprias políticas remuneratórias dentro do funcionalismo”, diz a executiva.
Disponibilizar dados não garante boa transparência
- Informação não é transparência. Na agenda da transformação do Estado, a organização de dados públicos é fundamental, além de um desafio. “Uma informação solta não necessariamente significa transparência”, argumenta Juliana, da Transparência Brasil.
- Gestão dos dados é fundamental. Para a especialista, não basta disponibilizar informações. “Só posso realmente ter transparência a partir do momento que houver um conhecimento por trás, ao ser capaz de usar essa informação para alguma coisa mais específica”, diz.
- Desorganização onera a população. Se os dados estão escondidos, ou é preciso um grande trabalho para organizá-los, o Estado acaba imputando à sociedade um trabalho muito grande para consumir e compreender toda essa informação, explica Juliana.
Reforma Administrativa é janela de oportunidade
- Próximas movimentações. Nos próximos dias, um Grupo de Trabalho (GT), no âmbito da Câmara Federal, com 14 integrantes de diferentes partidos e correntes ideológicas — coordenado pelo deputado federal Pedro Paulo (PSD/RJ) —, deve apresentar uma proposta de Reforma Administrativa. O texto deve ser votado antes do recesso parlamentar, previsto para 17 de julho.
- Formação de profissionais. A expectativa é que, com a aprovação dessa reestruturação, a administração pública se modernize sem comprometer os direitos adquiridos e a qualidade dos serviços públicos. Em relação ao tema, Jessika adverte que se o País conseguir preparar lideranças e equipes diversas e engajadas, será possível garantir melhores serviços e políticas públicas para a população.
- Sem baixar a guarda. Na opinião de Juliana, modernizar o Estado enquanto se protege a democracia é uma tarefa trabalhosa — e que requer atenção. “A gente deseja esse tema, mas dá trabalho. É algo que tem de ser cuidado. Precisamos sempre lutar e acompanhar esse assunto para impedir que haja retrocessos”, afirmou.
- Impactos sociais. Luciana, do JUSTA, que já atuou como advogada dentro do sistema prisional, destaca que a transformação do Estado é fundamental para a alteração das realidades sociais. “A expectativa de ver a mudança na vida das pessoas que são atingidas pela Justiça, com essa conjugação histórica, me faz ter esperança de que a gente talvez possa aproveitar esse movimento para chegar a outro lugar”, completa.
ENTREVISTADOS



CONTEÚDOS RELACIONADOS

Insegurança jurídica é obstáculo para desenvolvimento ‘verde’
Brasil pode ser um grande responsável pela segurança energética do mundo, mas esbarra em entraves regulatórios, avalia Adriano Pires, do CBIE
ver em detalhes
Discussão climática ganhou espaço na geopolítica internacional
Izabella Teixeira, conselheira consultiva internacional do Cebri, afirma que o clima é uma agenda de desenvolvimento no mundo todo
ver em detalhes
Para transformar a realidade brasileira, é preciso transformar o Estado
Em debate promovido pelo UM BRASIL e Movimento Pessoas à Frente, especialistas discutem os impasses da agenda da Reforma Administrativa no País
ver em detalhes