Ostentação só é problematizada quando ocorre na periferia
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“A ostentação é socialmente problematizada quando ela está no CEP errado. Carros de luxo e roupas de marca sempre existiram, mas só se tornam ostentação quando estão na favela. A criminalização da ostentação é nociva. Precisamos entender que, às vezes, será o consumo que dará ‘um gás’ para a pessoa pobre procurar um emprego melhor ou estudar. É muito perverso a gente penalizar o desejo da periferia de querer ter uma vida melhor”, afirma a economista Gabriela Mendes Chaves, fundadora da NoFront, escola de finanças pessoais que utiliza o rap como instrumento educativo – e como uma forma de aproximar o planejamento financeiro do cotidiano da periferia.
Em conversa com a jornalista Juliana Rangel ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Gabriela trata da importância de que as boas práticas em torno do controle de gastos pessoais cheguem às pessoas mais pobres, e que estejam alinhadas ao contexto de vida dentro das comunidades. “Falar do dinheiro, no contexto da periferia, é falar de uma conjuntura familiar bastante complicada. Para muitas famílias no Brasil, dinheiro é motivo de briga, de discussão e de violência”, pondera. “Mas é preciso ressignificar a economia e entender que todo mundo lida com dinheiro, inclusive as donas de casa.”
Gabriela ressalta que o dinheiro na periferia se torna um gatilho e um problema não só na escassez, mas também na abundância. “O movimento ostentação fala desse conflito mental de, eventualmente, você ascender economicamente, mas ter uma dificuldade muito grande de sustentar isso, pois não foi preparado. Somos formados para administrar dívidas”, reforça. Confira a entrevista na íntegra e entenda mais sobre o trabalho da NoFront.
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