Educação política transforma indivíduos em cidadãos
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Como o Estado não providencia educação política de qualidade, cabe às empresas, instituições e organizações da sociedade civil compartilharem o conhecimento capaz de explicar à população como um país se organiza, de modo que todos os cidadãos possam entender a importância de participar, debater e se preocupar com os rumos da nação – elemento fundamental do processo de cidadania.
Em debate promovido pelo UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, em parceria com o Movimento Voto Consciente, Ana Costa, vice-presidente jurídica da Natura &Co América Latina, e Gabriel Marmentini,co-fundador da Politize!, defendem o incentivo à educação política como ferramenta de transformação social, por meio da qual os indivíduos se tornam cidadãos.
A executiva da Natura, por exemplo, cita que a empresa, na venda direta de seus produtos, conta com mais de 1,2 milhão de mulheres em todo o País, público responsável pela maioria dos votos nulos e brancos nas eleições. Além disso, ressalta que o eleitor, em geral, demonstra confiança nos negócios, enquanto hesita em acreditar nos governantes.
“Temos uma responsabilidade muito grande em relação a isso. E, com base nesta responsabilidade e visando a tornar os indivíduos cidadãos, não falo nem em educação política. Para mim, trata-se de cidadania”, afirma Ana Costa.
Marmentini, por sua vez, destaca que uma eventual mudança de comportamento do eleitor brasileiro deve ocorrer quando este compreender o funcionamento do sistema eleitoral, das instituições e dos três poderes.
“A educação política está atrelada ao processo de transmissão de conhecimentos básicos a fim de que as pessoas possam ter o mínimo de conhecimento para compreender a sociedade”, resume o empreendedor social. “A partir desta expansão cognitiva, podemos agir, em vez de simplesmente ficar inerte diante das situações, e entender que temos de construir e coproduzir o Estado de bem-estar social”, acrescenta.
Na ausência de uma formação originada do Estado, Ana Costa aponta que empresas, organizações e instituições, mediante a promoção de causas emblemáticas, podem atingir a rede de colaboradores, uma vez que “a consciência política gera cidadania”.
“Temos de promover políticas públicas. Estamos aqui para criar diálogos, e a iniciativa privada tem de conversar com governos e sociedade civil. Este é o nosso papel: estamos aqui para construir pontes, e não muros, além de defender políticas públicas”, frisa.
Na avaliação de Marmentini, a educação política deveria ser prioridade na formação do cidadão. O empreendedor social, além disso, conclama as organizações a contribuírem para este processo.
“As pessoas nascem indivíduos e se tornam cidadãos. Então, o processo de cidadania é uma conquista – e isso precisa ter um plano. Assim como criamos planos de ação para várias coisas que queremos alcançar, precisamos pensar em um planejamento para conseguir ter o direito garantido à educação política”, argumenta o co-fundador da Politize!.
Assista ao debate na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL!
Educação política
A série é composta por um conjunto de cinco debates com empresários, gestores organizacionais, cooperativas, Organizações Não Governamentais (ONGs), órgãos públicos e especialistas da área para conhecer a maneira como este universo estimula as pessoas a se envolverem com os processos representativos de forma mais informada e compromissada com o exercício da cidadania.
(Foto: Ana Costa; crédito: Roberto Setton)
(Foto: Gabriel Marmentini; divulgação)
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