Quanto melhor forem as pessoas, melhor será a publicidade
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO
Trabalhar com publicidade, assim como em qualquer outra atividade profissional, é sempre melhor na democracia do que em um regime autoritário. Isso não significa, entretanto, que não se enfrente censura em tempos de expressão livre, de acordo com o publicitário Washington Olivetto.
Em entrevista ao UM BRASIL, ele diz que a área, hoje, enfrenta “a obsessão pelo politicamente correto e a pressão das redes sociais”, embora não discorde que a opinião dos consumidores deva ser ouvida.
Morando em Londres desde o fim de 2017, Olivetto ressalta que o brasileiro é muito receptivo a ideias novas, por isso o País é um dos melhores lugares do mundo para criar campanhas de marketing. Contudo, destaca que somente com melhor educação – não necessariamente universitária – é que serão feitas peças de nível intelectual mais elevado e que promovam a diversidade do povo brasileiro.
“A verdade é a seguinte: a publicidade é criada, aprovada e veiculada por pessoas. Quanto melhor forem as pessoas, melhor será a publicidade”, afirma.
Olivetto salienta que, em um período econômico desfavorável como o atual, somente as empresas mais estabelecidas tendem a manter investimentos em marketing, de modo que as demais procuram cortam gastos com ações desse tipo. Esse cenário, segundo ele, não é novidade para o mercado publicitário nacional.
“A publicidade brasileira é a que mais entende de crise no mundo, porque nós já tivemos todas as possíveis e imagináveis, inclusive crises de prosperidade”, comenta. “Vale a pena ser próspero em um lugar onde muitos são prósperos. Aliás, anos atrás eu falava que só os publicitários gostavam mais de uma boa distribuição de renda do que os sociólogos de esquerda”, completa.
Famoso por diversas campanhas premiadas, Olivetto se manteve firme, durante toda a carreira, ao ideal de nunca trabalhar com marketing político, área na qual diz não gostar do que vê. “Eu, particularmente, acho que o marketing político deveria ser, em qualquer lugar do mundo, basicamente informação, e não persuasão”, declara.

ENTREVISTADOS
CONTEÚDOS RELACIONADOS
Política
A democracia não está em crise, mas em transformação
Jurista Vitalino Canas fala sobre os rumos dos sistemas de governo no Brasil e no mundo, além da necessidade de regular as plataformas digitais
ver em detalhes
Economia e Negócios
Brasil precisa de pacto político para elevar patamares de crescimento
O economista Ricardo Sennes e Sandra Rios, ‘senior fellow’ do Cebri, debatem os desafios da abertura comercial em tempos de protecionismo
ver em detalhes
Economia e Negócios
Transição energética pode levar décadas e deve ser financiada com a renda do petróleo
Acadêmico Rodrigo Tavares defende que o Brasil use as receitas da exploração dos fósseis para custear a descarbonização
ver em detalhes