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País sério não tem inflação de 6% ou 7%, avalia especialista da American University

DEBATEDORES | Arturo Porzecanski

“País sério não tem metas nem inflação de 6% ou 7%. Isso pode ocorrer em uma situação excepcional, mas o Brasil viveu ano após ano com taxas de inflação perto de uma meta nada ambiciosa. Outros países têm metas de 2% a 4% ou de 1% a 3%”.

A avaliação é do diretor do Programa de Relações Econômicas Internacionais da American University, Arturo Porzecanski. Ele é um dos entrevistados do documentário Pensando o Brasil, gravado nos Estados Unidos. A TV Folha exibe até junho uma série de 13 entrevistas, conduzidas pelo jornalista Adalberto Piotto, que constam do documentário.

“O Brasil avançou muito nos anos 1990 quanto à inflação, mas, depois, voltou atrás, assim como em relação à abertura comercial”, afirma Porzecanski. Além da inflação, o professor da American University vê com temor as atitudes do Planalto em relação à política de substituição das importações e às parcerias entre os setores público e privado. Preocupa também, segundo ele, a visão de que é mais importante melhorar a distribuição de renda do que propriamente gerar renda.

“O Brasil viveu um carnaval graças aos preços elevados das matérias-primas, mas esse carnaval acabou […] Esse modelo de atirar dinheiro pela janela para resolver tudo não tem futuro sem outro ‘boom’ de commodities. E não haverá outro ‘boom’ de commodities. Estamos entrando em um ambiente internacional de deflação e não de inflação no estilo brasileiro”, alerta.

Ele resume o que deve ser trabalhado pela equipe econômica: a respeito da inflação, “o Brasil precisa de um BC sério, não de terceiro mundo, mas de primeiro mundo; também precisa de uma reforma abrangente das contas públicas – tanto do lado das despesas quanto do lado da tributação – e de uma reforma nas regras do jogo”.

Para Porzecanski, como o Estado brasileiro gasta muito e é ineficiente, “será necessário administrar os recursos menores nos próximos anos de uma maneira politicamente aceitável”. Segundo ele, não basta o novo ministro da Fazenda fazer alguns ajustes iniciais. “Ele terá uma tarefa difícil por muitos anos, juntamente com a sua equipe, fazendo as mudanças que precisam ser feitas para um futuro melhor. Caso contrário, o País vai continuar como está agora”, conclui.

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