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Educação política e juventude: novos olhares sobre participação e protagonismo na política

DEBATEDORES | Guilherme Lamana Asafe Leite Silva Thaynah Gutierrez

“Para votar conscientemente, precisamos estar conscientes das demandas políticas que nos afetam de maneira direta”, reflete, às vésperas das eleições municipais, a jovem Thaynah Gutierrez, liderança formada pela Politize!, organização dedicada a iniciativas de educação política. 

Assim como Thaynah, Asafe Leite Silva e Guilherme Lamana também são líderes formados pelo projeto. As trajetórias dos três se cruzaram na embaixada da Politize! na capital paulista. 

“As embaixadas são núcleos de voluntariado onde jovens lideranças se reúnem para gerar movimento de educação política nas próprias comunidades”, explica Gabriel Marmentini, diretor-executivo da organização. 

O Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, em parceria com a Politize!, reuniu Thaynah, Leite Silva e Lamana para um debate sobre a participação da juventude no cenário político das cidades. A conversa foi mediada por Marmentini. 

 

Eleições 2024 

  • Cresce o interesse pelo primeiro voto. Neste ano, o número de eleitores entre 16 e 17 anos cresceu 78% em relação a 2020, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São quase 2 milhões de jovens aptos a votar. O crescimento reflete um maior interesse da juventude brasileira em participar dos processos que definem os rumos do País.
  • A escolha do candidato. Segundo Leite Silva, a escolha do voto começa por entender as funções de vereadores e prefeitos. Depois, é hora de se debruçar sobre os projetos de cada candidato. “Temos os planos de governo divulgados. Eu sempre baixo o material e mantenho o material no meu computador. Sempre podemos acompanhar, depois da pessoa eleita, o andamento do que foi planejado, seja o vereador, seja o prefeito”, orienta Lamana.
  • Voto consciente. Thaynah destaca que é hora de olhar para os bairros, detectar problemas e avaliar quem está disposto a resolvê-los. “É preciso um trabalho de diagnóstico: o que estou demandando da política para saber em quem vou votar?”, explica. “Para votar consciente, é necessário estar consciente das demandas que nos afetam diretamente.” 

 

Redes sociais 

  • A influência vem das redes. O relatório Juventudes e Democracia na América Latina, do grupo Luminate, mostrou que as redes estimulam o interesse dos jovens pela política. Eles — que se informam, principalmente, pelo Instagram e pelo TikTok — começaram a se interessar pelo assunto por meio dos comentários nas redes sociais de pessoas que seguiam, ou influenciadores com quem concordavam, explica o relatório de 2022.
  • Política institucional ainda é uma barreira. O relatório apontou ainda que, apesar do aumento do interesse por política nas redes sociais, esse público ainda vê com desconfiança partidos e políticos. Thaynah pondera que é preciso reverter o distanciamento entre a juventude e os espaços tradicionais de participação política.
  • Furando a bolha. Para ela, o maior desafio é garantir que essas pessoas tenham acesso à pluralidade e à complexidade da política em meio a algoritmos e bolhas digitais. “As redes sociais fazem com que fiquemos muito focados naquilo que está mais próximo de nós, em um determinado assunto e de uma determinada forma”, avalia. “Precisamos burlar esse sistema e fazer com que as mídias sociais sejam espaços plurais de fato”, avalia a jovem. 

 

Participação política 

  • A política de todo dia. Os três líderes formados pelo Politize! avaliam que, mais do que votar, é fundamental que a juventude se envolva em espaços políticos mais próximos de seus cotidianos, como conselhos gestores, associações comunitárias e coletivos. “Quando questionamos onde deveria estar a educação política, a resposta é justamente nessas organizações de bairro, de forma mais regionalizada”, reflete Lamana.
  • Ocupando espaços. A educação política foi transformadora na vida de Leite Silva, que passou a compreender a importância de ocupar espaços de tomada de decisão mais próximos do dia a dia. “A partir desse momento, eu vi a relevância de se estar organizado em coletivos que busquem um interesse público”, explica.
  • Geração engajada. O líder acredita que a educação política e o acesso à informação constroem uma geração mais engajada, com capacidade de influenciar os rumos políticos das próprias comunidades. “Todo posto de saúde conta com um conselho, e moradores do bairro precisam ocupá-lo. A administração da Saúde passa pelos cidadãos. Se o sujeito não conhece, não tem essa informação, ele fica à mercê de pessoas que ocupam esse espaço só para promoção pessoal”, analisa Leite Silva.
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