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Ciência e Saúde

Inteligência Artificial é “caixa de Pandora” que o ser humano não sabe como fechar

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Renato Galeno

ENTREVISTADOS

No mundo contemporâneo, a tecnologia avança simplesmente porque é possível ir além do que já foi desenvolvido. Contudo, sem amparo ético ou filosófico, a Inteligência Artificial (IA) tende a se tornar uma ameaça, pois nem todas as decisões podem ser tomadas como em uma partida de xadrez, isto é, optando pelo movimento mais eficiente e ignorando questões morais e consequências humanitárias.

Esta é uma das observações compartilhadas por Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) – entidade responsável por gerenciar os sites de domínio “.br” –, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.

Na conversa, Getschko cita que, para jogar xadrez, IAs não precisam de fundamentos éticos. Entretanto, diante do avanço tecnológico, modelos dotados de maior poder de decisão, como o representado no filme 2001: uma odisseia no espaço, podem gerar efeitos contraproducentes.

“Hoje, temos uma tecnologia que avança e não tem uma base ético-filosófica embaixo onde se apoie. A tecnologia descolou”, afirma. “Então, a tecnologia avança porque consegue”, pontua.

Além disso, o especialista, considerado um dos pais da internet no Brasil, frisa que a IA, se não for bem formulada, pode se tornar uma ameaça.

“Acho que há uma ameaça real, e temos de tomar cuidado com isso, pois seremos os culpados. Estamos avançando e abrindo ‘caixas de Pandora’ que não saberemos fechar”, conjectura Getschko. Na mitologia grega, Pandora, movida pela curiosidade, abriu, contra as ordens dos deuses, um recipiente que deveria permanecer selado, o que permitiu, como consequência, que todos os males caíssem sobre a humanidade.

“Em suma, acho que somos responsáveis pelo que fazemos e corremos riscos de gerar grandes danos, talvez irreparáveis. Não acredito na história de que o computador superará o ser humano, em curto espaço de tempo, do ponto de vista da humanidade, mas certamente supera em ação. Muitas coisas que as máquinas fazem não chegamos nem perto [de fazer]”, salienta.

Por outro lado, Getschko discorda da ideia de tentar implementar restrições legais às soluções de IA antes de serem desenvolvidas.

“Temos de ter um ambiente fértil para que a coisa evolua e, depois, um jeito de tornar isso controlável”, defende. “Já temos um arcabouço que pode ser usado na fase inicial da IA se alguma ação ofender ou infringir direitos humanos e direitos normais de cada um”, complementa.

A armadilha do comodismo

Na avaliação de Getschko, o avanço tecnológico inseriu “fórmulas mágicas” na vida comum, de modo que, hoje em dia, poucas pessoas sabem, de fato, como a internet e os dispositivos técnico-computacionais funcionam, embora saibam como utilizá-los.

“As pessoas que usam a tecnologia estão cada vez mais longe da tecnologia em si. Quer dizer, nos velhos tempos, quem usava uma régua de cálculo sabia mais ou menos o que estava fazendo com aquele instrumento. Hoje, quem usa a telefonia celular apenas crê que aquilo funciona e tem uma vaga ideia de como aquilo, de fato, funciona. Então, este é um fosso que está se abrindo”, reflete.

Neste sentido, o especialista aponta que o ser humano caminha para cair na armadilha do comodismo. Ele cita que, no início da internet, era preciso ir atrás de informação. Hoje, o algoritmo mudou a relação do usuário com a rede.

“Você não precisa ir atrás de nada, porque as coisas chegam até você automaticamente. Você recebe o que eles acham que você gostaria de receber. (…) Você cria uma situação de conforto, que eles vão explorar por um interesse comercial, mas que, de alguma forma, se acomoda, como com a calculadora e outras coisas. Você não precisa mais se envolver e pensar muito, pois recebe aquilo pronto. Isso é uma armadilha. Há vários movimentos para tentar descentralizar a internet”, destaca.

Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL!

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