Fechar

“Valor democrático na América Latina é muito fraco”, diz Pablo Valenzuela

DEBATEDORES | Pablo Valenzuela

Os cidadãos dos países da América Latina têm valores democráticos mais fracos do que os de outras regiões do mundo. Essa é a opinião do mestre em Ciência Política pela Universidade do Chile, Pablo Valenzuela.

Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com o Instituto Atuação durante a 2ª Semana da Democracia, que aconteceu em setembro deste ano em Curitiba, Valenzuela diz que as pessoas que viveram as ditaduras latino-americanas, exceto pelas questões de direitos humanos, não sentem tanta diferença em seu dia a dia no regime democrático.

“O cidadão não sente necessariamente as mudanças entre a situação de ditadura e a situação de democracia, ou não sente de maneira tangível. O cidadão comum continua vivendo e tendo problemas similares”, diz o pesquisador do Latinobarómetro, instituição especializada em estudar valores sociais na América Latina.

“Se o povo recebe saúde, educação e transporte público de má qualidade, não vai achar muita diferença viver em democracia ou em uma não democracia. Ou vai estar disposto a sacrificar alguns aspectos da democracia para ter um sistema de saúde de melhor qualidade”, completa o cientista político. De acordo com Valenzuela, o nível de satisfação de um povo com a democracia costuma estar relacionado ao desempenho econômico de seu país. Portanto, variáveis econômicas como inflação, desemprego e taxas de juros influenciam o nível de apoio de uma sociedade ao regime democrático.

“Quando analisamos a satisfação com a democracia e o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto], a medida mais geral para isso, percebemos que, de fato, há uma correlação enorme entre o comportamento da economia e a satisfação com a democracia. E isso acontece em todos os países”, afirma Valenzuela.

Segundo ele, isso só não ocorreu durante a crise econômica internacional, originada nos Estados Unidos em 2008, quando diversos governos latino-americanos agiram com medidas econômicas anticíclicas – situação em que o Estado expande seus gastos para evitar o agravamento de uma recessão. “Os cidadãos perceberam que, apesar da situação econômica apertada, a democracia lhes permite gerar algum tipo de suporte.”

Na entrevista, Valenzuela também fala sobre a importância de os governos promoverem maior participação dos cidadãos nas decisões públicas como forma de consolidação da democracia.

Mais Vistos
OBRIGADO POR SE CADASTRAR NA NOSSA NEWSLETTER! AGORA VOCÊ IRÁ RECEBER INFORMAÇÕES SOBRE QUESTÕES POLÍTICAS, ECONÔNICAS E SOCIAL DO BRASIL. CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER!