Para o cientista político e filósofo Fernando Schüler, o Brasil passa por um teste de democracia. Ainda que a Suprema Corte do País seja respeitada e tenha autoridade política, o especialista se diz preocupado com o arranhão que os últimos acontecimentos podem gerar na cultura política nacional.
“A tese do golpe é antidemocrática. O governo tem o direito de considerar que as pedaladas não foram crime de responsabilidade fiscal. O que não faz sentido é achar que a interpretação de quem pensa diferente não tem legitimidade”.
O professor do Insper lembra que a pobreza voltou a crescer com o esgotamento do modelo de acesso ao consumo. “Nos anos de bonança, o País deixou de fazer a lição de casa, como as reformas necessárias, os investimentos em educação e as medidas para aumentar a produtividade. Se compararmos o Brasil a países em desenvolvimento, somos um ponto fora da curva”, opina.
Durante a entrevista à plataforma UM BRASIL, o especialista, que tem pós-doutorado pela Columbia University, criticou os livros de história utilizados pelas escolas brasileiras. “As obras são muito enviesadas do ponto de vista ideológico e oferecem uma visão unidimensional ao estudante. Elas comparam o governo de Fernando Henrique ao de Lula e lançam a ideia do bem e do mal. É preciso uma visão mais pluralista, que faça os alunos pensarem”.
Prestes a completar 30 anos, Schüler diz que a Constituição Brasileira é inclusiva,independente e tem grandes méritos, mas criou déficits importantes, como o sistema de gestão pública que não funciona para a prestação de serviços. “O regime jurídico dos servidores, que dá estabilidade plena de emprego e impede a avaliação de desempenho, é um exemplo”.