No Brasil, muitas empresas públicas foram usadas em prol de vantagens políticas. Quase sempre taxado de ineficiente, o setor público peca pela falta de transparência e excesso de burocracia nos processos de licitação. Essa é a opinião de William Eimicke, professor do programa de Mestrado Executivo em Gestão Pública, oferecida pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Contudo, ressalta que não se trata de um problema exclusivo do Brasil, ocorrendo em diversas outras nações: “Os países têm leis muito rigorosas, de difícil entendimento até mesmo para os contratantes dos serviços. Elas são criadas com a finalidade de enfrentar a corrupção, porém, acontece justamente o contrário: sem compreender o que dizem as leis, muitos pagam para outras pessoas tomarem as decisões por elas”, diz o especialista.
Apesar de a ideia inicial das empresas de capital aberto ser boa, o que se vê na maioria delas é a propensão para a corrupção: “Elas não são nem do governo, nem do setor privado. Como resultado, temos o envolvimento político. Embora deva ter cooperação, os setores deveriam ser definidos claramente e separados. Se eu tivesse uma varinha mágica, tiraria as empresas quase públicas do Brasil e as privatizaria.” Como ferramenta para melhorar a administração pública e evitar a corrupção, Eimicke diz que é preciso habilidade em interpretar dados financeiros, comunicação eficiente com a sociedade e auditorias responsáveis: “Eliminar a corrupção não é o bastante. Também precisamos de resultados melhores. É preciso equilibrar a atenção. Se passarmos todo o tempo só enfrentando esse problema, as pessoas vão morrer de fome, só que em um processo honesto, o que não seria uma grande conquista.”
Mesmo com as intensas manifestações populares pedindo o fim da impunidade, Eimicke acredita que o brasileiro ainda não exigiu o suficiente: “A maioria das pessoas estão preocupadas em alimentar a família, com o trabalho. É preciso um líder que adote essa ideia e traduza para o público como a corrupção o prejudica e afasta as empresas internacionais do País. Se a população entendesse o relacionamento entre corrupção e qualidade de vida, exigiria mudanças efetivas.”
Em tempos de crise, a sugestão é não desperdiçar as oportunidades e aproveitar para fazer as reformas necessárias: “Vale separar as empresas de capital aberto e privatizá-las totalmente e continuar trabalhando duro, como sempre. O Brasil é uma das grandes histórias do mundo, que seguiu de ‘em desenvolvimento’ para ‘desenvolvido’, e ainda é um líder. Não podemos nos concentrar demais no que está errado e não olhar o que está certo. O setor social brasileiro, por exemplo, é um modelo onde muita coisa boa foi realizada.”