“Se deixarmos a política com os piores, nunca haverá melhora no nível ético de um país”
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A destituição de um presidente é um fato histórico, principalmente em um país com as potencialidades do Brasil. Em momentos de crise, o escritor peruano e ganhador do Pêmio Nobel da Literatura Mario Vargas Llosa defende o otimismo e diz que a liberdade é fator primordial na construção de novos caminhos para a democracia.
“Há um protesto contra a corrupção, contra o abuso de poder para enriquecimento político. Isso é saudável para um país, principalmente se a consequência for uma democracia purificada”. Para Llosa, a política ainda é vista, principalmente pelas novas gerações, com desprezo, como uma atividade não generosa, idealista e construtiva.
“Ela não atrai os melhores. Na América Latina, em geral, os jovens mais brilhantes e talentosos preferem se dedicar a trabalhos técnicos ou liberais, porque veem a vida pública com muita desconfiança”. Durante entrevista à plataforma UM BRASIL, o escritor enfatizou a importância da participação ativa dos cidadãos na vida política.
“Se a deixarmos com os piores, ela nunca terá uma melhora no nível intelectual, científico e ético”. Com a política sempre presente no enredo de suas histórias, Llosa, que também é jornalista, contou que viveu uma ditadura severa e repressiva, o que contribuiu para uma vida pública ativa. “Os escritores da minha geração estavam muito motivados a participar de debates e contribuir para mudanças. Hoje, os intelectuais não sentem essa necessidade”.
O escritor defendeu ainda a quebra de alguns paradigmas, como a de uma sociedade perfeita. “Isso não existe. Ela pode ser perfectível, corrigir defeitos, progredir dentro de uma busca por melhores opções. Essa é a cultura democrática. E os países que fizerem disso sua cultura são os que prosperarão e conseguirão uma melhor qualidade de vida”.
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