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Política

Falta de unidade política aprofunda perdas e danos causados pela pandemia

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Humberto Dantas Entrevistador(a)
Publicado em: 9 de abril de 2020

ENTREVISTADOS

À semelhança de países que demoraram para entender a gravidade do novo coronavírus, a falta de unidade da política brasileira quanto à forma de combater o avanço do patógeno deve intensificar os danos na saúde pública e na economia. De acordo com o sociólogo Sérgio Abranches, “quanto mais demorada for a resposta do governo à pandemia, mais o País deverá sofrer”.

Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Abranches é categórico ao afirmar que a política tem papel fundamental em relação à profundidade dos efeitos negativos que o vírus ocasiona tanto no campo da saúde como na área econômica. Ele cita que os países mais afetados pelo covid-19 ou tiveram problemas recentes de estabilidade política (Itália e Espanha) ou demoraram a reconhecer os malefícios da doença (Estados Unidos).

“Mais grave é a manifestação da pandemia quanto pior for a governança”, frisa o PhD em Ciência Política. “Vai ter mais danos, perdas e sofrimento para a sociedade brasileira por causa dessa desgovernança do País”, complementa, destacando o desencontro de políticas entre o governo federal, o Ministério da Saúde, o Congresso Nacional e os governos estaduais.

De acordo com Abranches, como o Brasil é um país presidencialista, espera-se que o presidente da República lidere a nação, uma vez que a atuação do Poder Legislativo é limitada nesse regime. O combate ao coronavírus, contudo, revelou um descompasso entre o presidente e os governadores, favorecendo a descentralização de poder.

“A federação se valorizou diante dos brasileiros nessa crise. E ela veio para ficar. Acho que daqui para frente vai ser muito difícil um presidente desconsiderar os governadores e centralizar [as decisões] de tal forma que eles fiquem incapazes de agir”, avalia.

Economia

Para o sociólogo, o coronavírus se tornou um problema maior para o governo brasileiro porque o combate à sua disseminação exige uma mudança de política econômica – de reduzir o gasto público a se valer dele o quanto for necessário para preservar a saúde pública.

“Hoje, todo mundo sabe que, se tiver mais uma pandemia num programa de austeridade que faça com que o sistema de saúde e a própria economia não sejam capazes de responder adequadamente, provavelmente vamos ter tragédias maiores do que essa que ainda não acabou”, afirma.

Abranches ainda indica que contestar a política de isolamento social pode trazer danos severos ao governo. “Se as pessoas começarem a morrer em maior quantidade no Brasil, a economia vai ficar muito mais profundamente ressentida com esse trauma. E nós vamos ter uma crise muito mais grave no final da pandemia do ponto de vista institucional, político e social”, aponta o sociólogo.

Crédito da foto: Chico Cerchiaro

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