Embora a sociedade brasileira esteja mais engajada, as eleições no País são decididas pelo eleitorado menos interessado no processo de escolha dos representantes, avalia o cientista político e presidente do Conselho de Economia, Sociologia e Política da FecomercioSP, Paulo Delgado.
“A pessoa menos interessada na política é quem decide a eleição, porque os partidos se organizam em torno de seus candidatos, a sociedade organizada escolhe partidos e candidatos, mas esse grupo não chega a 30% do País”, diz o cientista político em entrevista ao UM BRASIL. “70% vota encontrando um número na rua como se jogasse na loteria, vota num slogan de televisão e há um número grande de brasileiros que decide votar no dia da eleição.”
Na avaliação de Delgado, um problema da política brasileira é o “presidencialismo de coalizão”, que começou logo após o fim da ditadura militar e perdura até hoje. “[José] Sarney só conseguiu governar fazendo coalizões políticas pós-eleitorais. O número de partidos que entrou no governo exigiu cargos no Estado. Ninguém mudou isso.”
Segundo o cientista político, o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, é semelhante ao do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Ambos ganharam o eleitor com o discurso da esperança, mas entregaram resultados diferentes. “Quando você se elege dizendo uma coisa e ocupa o governo fazendo outra coisa, termina no impeachment.”