Eleições 2024: em ambiente polarizado, debate sobre gestão pública perde espaço
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O cenário de polarização política se mantém forte — e deve refletir nas eleições municipais de 2024. É o que afirma Andrei Roman, doutor e mestre em Ciência Política pela Harvard University, cofundador da plataforma Atlas Político e CEO do instituto de pesquisa AtlasIntel.
Em entrevista ao canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, em parceria com a revista Exame para a série Brasil com S, Roman indica que essa percepção deve ser comprovada nas primeiras pesquisas eleitorais da AtlasIntel para prefeitos, que serão divulgadas ainda neste mês. “Devemos ver algo similar ao que se viu nas eleições de 2022, com risco de a população eleger prefeitos a partir de paixões políticas, e não de critérios de competência”, avalia. “Quem perde com essa polarização é o debate sobre gestão pública em cidades com grandes desafios como transporte urbano, infraestrutura e segurança”, completa.
Segundo Roman, a situação pode beneficiar candidatos de centro, ou mais moderados, desde que invistam de maneira incisiva nas campanhas para o primeiro turno. “A oportunidade, para eles, segue sendo o segundo turno. O desafio é conseguir chegar lá”, pondera. “Com um dos polos fora da disputa, os índices de rejeição do oponente podem ser decisivos para a vitória dos moderados.”
Aprovação de Lula em declínio
Roman também fez uma breve análise das possíveis razões da contínua queda do índice de aprovação de Luiz Inácio Lula da Silva — como mostrou pesquisa AtlasIntel divulgada em novembro. O estudo indicou 50% de aprovação e 47% de desaprovação no desempenho do presidente. Em setembro, o índice de aprovação era de 52%.
“Esse fenômeno é natural em certa medida, já que há uma espécie de onda de otimismo e torcida para que o governo dê certo nos primeiros meses, inclusive por parte dos que não o elegeram. Como, no geral, as expectativas são exageradas, esse declínio é esperado”, explica.
O executivo, no entanto, aponta outros fatores preocupantes para o índice de aprovação. “Durante as eleições de 2022, ficou claro o encolhimento da base política do lulismo. Outro ponto é a visão de governo, que sempre foi muito clara nos mandatos anteriores e atrelada à justiça social e à redução da pobreza e da fome”, diz.
De acordo com Roman, essa realidade mudou, inclusive em razão do sucesso dos programas implantados nos governos anteriores de Lula. “As ascensões econômica e social de parte da população trazem novas aspirações e demandas. E é nesse contexto que vejo que o governo atual ainda não se adaptou”, continua.
Brasileiros e o mundo
Também em novembro, o instituto divulgou uma pesquisa sobre as percepções dos brasileiros em relação a outros países. Os resultados mostram uma visão positiva de países ocidentais, com Itália e Estados Unidos à frente, e Venezuela como o país com o pior saldo.
“Mesmo com um sentimento antiamericano presente no Brasil, a imagem do país ainda é muito positiva. Já sobre a Itália, entendo que o brasileiro associe o país à alegria e a uma sociedade livre e próspera, que é um sonho do brasileiro”, conclui Roman.
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