Brasileiro enxerga corrupção como maior empecilho ao crescimento
ENTREVISTADOS
A análise que o brasileiro faz de si mesmo é diferente da que ele faz ao próximo. Essa aparente contradição é um dos resultados da “Pesquisa Nacional de Valores de 2017” – que analisa as percepções de comportamento da população brasileira entre 2010 e o ano passado. O estudo feito pela consultoria Crescimentum mostra que o brasileiro se diz honesto, mas que a corrupção é uma das principais características da população.
Em entrevista ao UM BRASIL, o sócio-diretor da Crescimentum, Guilherme Marback, diz que esses dados permitem fazer algumas conjecturas e interpretações sobre a visão do brasileiro. “Acredito que quando o brasileiro coloca em si esses valores, isso significa que ele efetivamente os valoriza e os acha importante. Isso são valores importantes da sociedade. Já quando observa o fenômeno na terceira pessoa, ele já observa criticamente.”
Ao se avaliar individualmente, o brasileiro se enxerga como amigo, honesto, respeitador, humilde e ligado à família. Ao olhar para “fora”, o brasileiro aponta que, além de corrupção, são nocivos ao desenvolvimento do País o crime, a violência, a pobreza e a agressividade.
A análise crítica, segundo Marback, não está especificamente direcionada a líderes e governantes, mesmo considerando os atuais momentos político e econômico do Brasil, mas à figura do cidadão comum. Apesar disso, ele ressalta que a avaliação acaba englobando os políticos. “Os valores estão num nível de consciência com base em necessidades, e uma parte das necessidades do indivíduo deve ser provida pelo setor público. Então, não tem como dissociar”, explica.
Na conversa com Humberto Dantas, Marback afirma que o brasileiro vem se tornando mais consciente das suas responsabilidades individuais como cidadão. “Hoje, o brasileiro já demonstra o seguinte: eu tenho que fazer alguma coisa, já que não estão fazendo por mim”, enfatiza.
Na entrevista, o economista explica a metodologia aplicada na pesquisa baseada no modelo dos sete níveis de consciência do britânico Richard Barrett, fundador do Barrett Values Institute, e destaca as mudanças de atitude dos brasileiros nos últimos oito anos.
ENTREVISTADOS

CONTEÚDOS RELACIONADOS

Questão climática: riscos e oportunidades para a agenda de negócios no Brasil
Cada vez mais o impacto climático está afetando o mundo dos negócios. Por essa razão, a discussão acerca do tema deixa de ser “ideológica” e passa a entrar para a agenda das empresas no Brasil. É o que pensa Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura. “Todos os empresários que têm o bom senso de […]
ver em detalhes
Modernização do Estado é necessária para melhorar a qualidade dos serviços públicos
Vera Monteiro, professora na FGV, acredita que a Reforma Administrativa precisa ser uma pauta permanente no Brasil
ver em detalhes
Desequilíbrio entre poderes atrapalha efetividade do Estado
Segundo Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, a democracia depende de harmonia entre Executivo e Legislativo
ver em detalhes