Brasil precisa de debate honesto sobre corte de gastos, diz economista
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“Falta no Brasil um debate honesto sobre o que o País pode deixar de gastar”. A afirmação é do diretor do Columbia Global Center Latin America, Thomas Trebat, um dos entrevistados do UM BRASIL em documentário gravado nos Estados Unidos, no início do ano.
“É preciso olhar mais para a sociedade do que para os governantes. A carga tributária nada mais é do que a outra face da moeda, que é a demanda por serviços do Estado. O povo espera serviços nas áreas de educação, saúde, infraestrutura, emprego. Acho que o debate sobre carga tributária envolve a sociedade refletir e dizer que, se a carga tributária tem que ser diminuída – e tem que ser –, quais serviços podem ser dispensados. Por exemplo, são necessários 39 ministérios? Se não, por que existem?”, indaga o economista.
Segundo ele, o Estado brasileiro tem obrigações demais, que poderiam ser assumidas pelo mercado. “A princípio, poucos contestam essa afirmação, mas quando se fala nos serviços que a pessoa consome, ela vai contra. Um exemplo é o programa Bolsa Família. Quem não recebe acha que é dinheiro dado em troca de nada. Eu, como economista, vejo as evidências empíricas, o gasto, o resultado e concluo que programas como esse são razoáveis e têm um alto retorno social e econômico. No entanto, o debate aqui é muito envenenado. A classe média alta se opõe, mas o que beneficia essa classe, como acesso gratuito a universidades, subsídios, pensões, emprego público, eles não querem cortar de jeito nenhum”, aponta.
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