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Atual política externa colocou Brasil à margem das decisões multilaterais

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Jaime Spitzcovsky

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“A avaliação que faço da política externa brasileira do atual governo é negativa. Se trouxe resultados, foram pequenos, mas os custos têm sido muito elevados. Nós nos dissociamos de alguns dos princípios tradicionais da nossa diplomacia – como o multilateralismo e o compromisso com a OMC [Organização Mundial do Comércio] – que nos incluíram nos processos decisórios importantes e que faziam do Brasil um país muito bem aceito. Agora, nós perdemos a presença e o protagonismo até na nossa região”, critica o diplomata Sérgio Amaral, que esteve à frente da embaixada brasileira nos Estados Unidos  entre 2016 e 2019.

Ele pondera que, atualmente, há um processo importante de negociações em curso entre os países sobre grandes questões econômicas e sobre qual será a nova ordem mundial, mas que o Brasil não participa mais delas, sequer é convidado. “Se antes era um país ativo, que estava à frente das grandes causas mundiais, hoje está à margem: não participa das negociações sobre o clima ou das negociações empresariais sobre novas regras e padrões. Desconheço os posicionamentos [atuais] do Brasil sobre grandes temas, porque não foram publicados; possivelmente, nem existam.”

Amaral enfatiza que isso é muito ruim para o Brasil, pois a diplomacia é feita, cada vez mais, de imagens. “As imagens do respeito pelo Brasil, de dignidade do País e da confiabilidade de suas políticas não existem mais. Estamos atendendo mais a certas percepções ou ideologias do que a interesses maiores do País. Isso leva tempo para ser reconstituído. É mais fácil destruir a confiança do que construi-la.”

Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Amaral também destaca que as atitudes e retóricas por parte do Brasil em relação a outros países ou regiões podem trazer custos altos no que diz respeito ao comércio com a China, Estados Unidos e União Europeia.

“O acordo entre Mercosul e União Europeia está paralisado por causa do Brasil, algo extremamente prejudicial para os setores exportadores brasileiros. Estados Unidos e Europa compram 36% das nossas exportações. Se adicionarmos a China, devido a várias provocações que fizemos sem necessidade, a soma desses três importantes mercados representa quase dois terços das exportações brasileiras. [Este risco de prejudicar as relações] é um custo desnecessário”, frisa Amaral.

“Essa política externa não reflete as grandes transformações que estão ocorrendo no mundo, tampouco os interesses nacionais. O custo já está sendo alto. Está na hora de mudar a nossa diplomacia”, observa o diplomata.

Olhando mais de perto para as relações entre os Estados Unidos e o Brasil a partir da mudança do governo norte-americano e do direcionamento sobre os grandes temas geopolíticos, o ex-embaixador avalia que o Congresso americano irá fazer uma grande pressão sobre o governo Biden contra o desmatamento, em particular no Brasil, onde passa por uma elevação consistente de vários índices.

“Se o Brasil se ajustar, como eu espero que faça, as relações serão boas. Se não se ajustar, a relação poderá ser marcada por momentos de tensão, ainda que em um plano de fundo, sobre laços econômicos importantes”, ele conclui.

Assista na íntegra! Inscreva-se no   canal UM BRASIL.

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