Arrumando a casa: Brasil só conseguirá pôr macroeconomia em ordem com reformas
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO

Clique no player e assista à entrevista!
Após três décadas de “paralisia”, Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander Brasil, diz acreditar que há condições para que a Reforma Tributária seja aprovada até o fim do ano e comece a valer no fim do atual governo. “Um terço do PIB de impostos é uma carga muito alta. Com a Reforma Tributária, haverá impacto no longo prazo e redução do custo de transação no País, além de diminuição dos custos do litígio tributário, melhoria do ambiente de negócios e mais segurança jurídica”, afirma Ana Paula em entrevista ao Canal UM BRASIL – uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
A economista faz, ainda, uma comparação setorial. “Pensando no resto do mundo, o Brasil tributa pouco a indústria em relação ao setor de serviços, mas, na medida em que formos construindo esse acerto, gradualmente as coisas serão absorvidas. E o que permitirá absorver esse rebalanço gradual setorial será justamente o fato de haver uma redução nos custos de transação”, pondera. Ana Paula entende que, se tudo caminhar bem, “as empresas vão realmente gastar muito menos com o esforço de pagar impostos”.
[veja_tambem]
Reforma Administrativa
Ao contrário da Reforma Tributária, a economista vê a Reforma Administrativa fora da pauta do atual governo. No entanto, Ana Paula considera a reformulação da máquina pública imprescindível ao Brasil – para resolver, inclusive, a grande fragilidade macroeconômica existente hoje: o ajuste fiscal.
“Precisamos rediscutir o papel estatal, como a sociedade vai monitorar esse desempenho, o que faz sentido ter ação do governo, onde o mercado pode fazer melhor […] para o Estado focar naquilo em que é indispensável. Temos um contingente de pessoas que dependem dele, isso deveria ser o foco absoluto: melhorar a qualidade dos serviços públicos. Só depois de fazer essa grande discussão é que teríamos a macroeconomia arrumada.”
Juros
A economista também comenta as perspectivas para a taxa de juros. Ela considera precoces as previsões de queda já em agosto. “O Banco Central (Bacen) deve conseguir baixar os juros mais para o fim do ano. Temos a deflação no atacado muito importante, e a supersafra brasileira ajuda a desinflacionar de forma mais acelerada os alimentos, mas ainda falta uma convergência maior no setor de serviços – um mercado de trabalho muito robusto, que leva a salários reais, os quais podem sustentar um patamar de consumo e certa pressão inflacionária”, avalia.
“Como diz o próprio Bacen nos comunicados ao mercado, é preciso ainda certa paciência, e essa fase que estamos passando agora, de desinflação de serviços, é a mais difícil”, conclui.
ENTREVISTADOS

CONTEÚDOS RELACIONADOS

Brasil encontra dificuldade para gerar receita acima dos gastos
Para Silvia Matos, do ‘Boletim Macro IBRE’, País está no negativo há mais de dez anos
ver em detalhes
Brasil e mundo vivem uma nova era geopolítica e tecnológica
De acordo com o cientista político Carlos Melo, a reorganização das forças globais deu origem a uma nova era “pós-Ocidente”
ver em detalhes
Na reforma do Estado brasileiro, foco deve estar no cidadão e no controle de gastos
Segundo Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper, e Felipe Salto, sócio da Warren Investimentos, é preciso superar o modelo federativo, que se esgotou
ver em detalhes