“Torto arado” retrata violência, herança da escravidão e extrema vulnerabilidade no cotidiano
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO
Para o geógrafo e premiado escritor brasileiro Itamar Vieira Junior, a literatura é um terreno fértil de liberdade que permite tanto ao leitor quanto ao escritor se reinventarem e se deslocarem para o lugar do outro.
Em entrevista, comandada pela jornalista Joyce Ribeiro, ao UM BRASIL, uma realização FecomercioSP, o autor do romance Torto arado – ganhador do Prêmio LeYa de 2018 (Portugal), do Prêmio Jabuti de 2020 e do Prêmio Oceanos de 2020 – explica que a literatura nos dá um ângulo muito diferente da história factual, ao passo que também se enriquece nos contextos sociais e políticos, recriando a realidade baseada em um ponto de vista singular que aproxima a história da vida comum por meio de sentimentos universais, tais como o sofrimento, o medo e a alegria.
Mais especificamente em Torto arado, ele conta a história de duas irmãs que vivem em um contexto de violência e extrema vulnerabilidade no campo, em meio a um cenário atravessado por problemas estruturais que, como acentua, ainda torturam o País. Como resultado, o livro tem atraído atenção internacional em premiações, em razão da qualidade narrativa.
Na entrevista, Vieira Junior ainda pontua que sua experiência como servidor público, trabalhando com populações do campo na Bahia e no Maranhão, é a base para a obra. “Este livro se transformou de uma maneira muito positiva, pois eu trouxe, além das minhas memórias, minha vivência nestes ambientes, aprendendo como se cultiva, as coisas importantes para as famílias que estão no campo, os conflitos e as lutas”, explica. “Por isso, a história ganhou uma densidade que não teria sem esta experiência.”
“Quando cheguei no campo, fiquei assustado ao encontrar pessoas que trabalhavam e não recebiam nada em troca. Eu me debrucei sobre isso, sobre o passado daquelas pessoas, e tudo isso foi confluindo para o mesmo lugar: uma herança muito forte da escravidão, que permanece de muitas formas na nossa sociedade”, pontua. “Eu encontrei pessoas que viviam, de alguma forma, escravizadas. Foi um choque. É como se o tempo, em alguns lugares do País, não tivesse passado”, pondera.
Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL, no YouTube.
Foto: Adenor Gondim
ENTREVISTADOS
CONTEÚDOS RELACIONADOS
Economia e Negócios
Brasil precisa construir pontes, e não escolher lados
Economista Marcos Troyjo fala sobre as oportunidades para o País no jogo geopolítico
ver em detalhes
Política
A democracia não está em crise, mas em transformação
Jurista Vitalino Canas fala sobre os rumos dos sistemas de governo no Brasil e no mundo, além da necessidade de regular as plataformas digitais
ver em detalhes
Economia e Negócios
Brasil precisa de pacto político para elevar patamares de crescimento
O economista Ricardo Sennes e Sandra Rios, ‘senior fellow’ do Cebri, debatem os desafios da abertura comercial em tempos de protecionismo
ver em detalhes