Brasil precisa de consenso que traga estabilidade à política e à economia
ENTREVISTADOS
Entrevista da série Brasil Visto de Fora
O Brasil precisa urgentemente de um movimento que consiga unir as pessoas em torno das possibilidades da democracia, da justiça social e da busca por representantes que tragam estabilidade política e econômica, afirma o historiador, escritor e brasilianista Marshall Eakin, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP. “Neste momento, o desafio principal é sobre como construir um consenso político estável.”
“Os brasileiros, assim como muitos no mundo, têm menos fé nas possibilidades da democracia. O porcentual de pessoas no Brasil que vão votar tem diminuído ao longo das décadas desde 1988. Os cidadãos do País têm de ter a visão de que eles podem votar e influenciar na construção de um futuro mais democrático e mais justo”, argumenta.
Eakin é professor da Universidade Vanderbilt (Estados Unidos), historiador da América Latina e especialista em História do Brasil. É autor do livro Becoming Brazilians [“Tornando-se brasileiros”], sobre a formação da identidade nacional. Esta entrevista é a primeira da série Brasil Visto de Fora, realizada em parceira com a revista Problemas Brasileiros (PB), editada pela FecomercioSP. A série, comandada pelo jornalista Daniel Buarque, vai ganhar novos episódios até o fim de 2021, com entrevistas em vídeo aqui no Canal UM BRASIL e em áudio, no podcast da PB – http://revistapb.com.br/podcasts. Também tem o apoio cultural da Revista Piauí.
No bate-papo, o escritor também ressalta que o Brasil tem uma economia realmente grande e, neste momento do começo do século 21 – assim como a China, a Rússia e os Estados Unidos –, tem possibilidades que a maioria dos países não tem. “O País ainda existe dentro da economia mundial e das estruturas globais, mas as possibilidades quanto ao futuro estão nas mãos dos brasileiros”, pondera.
Na entrevista, ele também fala sobre a busca do País por uma identidade nacional. Em sua visão, havia um “consenso de elite” que dirigia a política brasileira nas várias décadas do Império e da Velha República. Contudo, isso colapsou em torno de 1930, e, quase um século depois, nenhum outro consenso político foi encontrado.
“Houve uma tentativa [de encontrar esse consenso] durante o Estado Novo, mas não funcionou. Nos 19 anos de experimento com a democracia, entre 1945 e 1964, [essa busca] também teve um colapso. Entre 1964 e 1985, não havia consenso, mas uma direção imposta. Depois de 1985, e há quase 40 anos, a história brasileira ainda está atrás de algum tipo de estabilidade política. Qual será a base desse consenso é a pergunta a ser feita à identidade nacional”, alerta.
Assista na íntegra! Inscreva-se no canal UM BRASIL.
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