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Política

A moralidade na política

Maria Zeferino
Maria ZeferinoGraduanda no curso de Relações Internacionais do Ibmec RJ
Publicado em: 11 de dezembro de 2025

Há quem insista que política é um território inevitável de trapaças, no qual princípios atrapalham e convicções se perdem rapidamente. Essa máxima, repetida com um certo ar de sabedoria amarga, cumpre um papel preciso: reduzir nosso horizonte de expectativas. Quando acreditamos que todo gesto público é contaminado, desistimos de cobrar o que torna a vida em sociedade possível: a responsabilidade.

Não foi sempre assim. A política já foi entendida como um projeto coletivo de virtude e convivência. Aristóteles a definia como o caminho para o bem comum. Montesquieu lembrava que o poder precisa ser vigiado para não se corromper. Mesmo em tempos mais recentes, autores como Amartya Sen defendem que a justiça não nasce no gabinete, mas no encontro entre ética e decisão pública.

Onde essa conversa se perdeu?

A resposta talvez esteja na naturalização do descrédito. A repetição constante de que “nada presta” não é apenas desabafo: é um anestésico social. Ela esvazia a indignação, seca a fonte da participação e transforma o abuso em rotina invisível. Quando deixamos de esperar retidão, deixamos também de denunciá-la quando nos é negada.

E o que acontece quando a moralidade sai de cena? As desigualdades se aprofundam sem alarde. As decisões públicas passam a servir a poucos. O espaço coletivo se torna território de desistentes.

A verdade incômoda é que a falta de ética na política raramente é um acidente: é um projeto que depende da nossa desistência. Toda vez que qualificamos o interesse público como ingênuo, alguém mais experiente em privatizar benefícios celebra em silêncio. O ceticismo pode ser um ato de lucidez, mas também pode ser a capitulação perfeita. Democracias se sustentam menos pelo voto e mais pela vigilância cotidiana, pela exigência de que o poder não se torne privilégio.

Moralidade na política não é idealismo: é necessidade democrática. Se queremos democracias melhores, precisamos primeiro recusar padrões medíocres.

A conduta ética não aperfeiçoa a política: ela a torna possível.

*Maria Zeferino é Graduanda no curso de Relações Internacionais do Ibmec RJ


O texto acima é fruto de uma parceria entre UM BRASIL e Ibmec. Clique aqui e saiba mais.

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