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Regime democrático pode ser preterido por melhores condições de vida

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Jaime Spitzcovsky Entrevistador(a)
Publicado em: 16 de outubro de 2018

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Conhecido como um regime político que favorece a pluralidade e a liberdade de expressão, a democracia passa, no Brasil e no mundo, por uma crise em função de ser lenta na tomada de decisão e por ter falhas de representatividade. Com isso, caso um sistema totalitário providencie melhores condições de vida, sobretudo em termos materiais, as sociedades tendem a abdicar do regime democrático. É o que diz o filósofo e pós-doutor em Epistemologia, Luiz Felipe Pondé.

“Quem se preocupa diretamente com elementos como pluralidade e liberdade de expressão são pessoas que trabalham com o pensamento – professores, jornalistas, intelectuais e artistas. Mas, no dia a dia, o que a liberdade de expressão impacta o cidadão comum que trabalha numa função que não tem a ver com o pensamento público?”, questiona o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com a Expert XP. “A população, se tiver melhores condições materiais de vida, facilmente colabora com regimes totalitários, como a história já mostrou”, complementa.

Nesse sentido, segundo Pondé, um dos riscos para a democracia na atualidade é o sucesso econômico do regime político vigente na China. “Sistema de partido único, totalitário, com crescimento de mercado. Se o sistema chinês tomar conta do mundo, é a prova de que você pode ficar rico sem democracia”, ressalta.

Para o filósofo, a democracia brasileira não está mais em perigo do que outras mundo afora. Uma prova disso é que tem sido publicado, em 2018, diversos textos e obras sobre a crise e o futuro do regime. Como consequência dessa “sensação de que a democracia está em recessão”, sobressaem plataformas políticas populistas.

“A ideia de populismo ficou intimamente associada à noção de que você pode oferecer soluções simples para problemas complexos. O mundo é muito complexo, a democracia é um regime lento, a representatividade é falha. Então, o populismo sempre aparece como alguém que diz falar em nome do povo para resgatar a democracia das mãos das elites”, salienta o filósofo.

Ele comenta que as pessoas, em geral, têm uma visão equivocada de que governar um país é simples e, com esse raciocínio, acreditam que o que não funciona na sociedade é culpa do desinteresse dos políticos em relação ao povo. Desse modo, o populismo encontra amparo nas redes sociais.

“Apesar de as pessoas viverem situações de impasse – inventários, casamentos cansados, relacionamentos complicados com filhos, problemas profissionais, fracassos, falta de dinheiro –, há a tendência de achar que a administração política de um país é mais simples. Então, a vida delas fica no meio do cinza, mas elas têm uma ilusão de que no governo é preto no branco, e que existe alguém capaz de fazer isso. O populismo, então, é sempre uma espécie de falha cognitiva”, avalia.

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