Se o Brasil não for possível, o mundo é impossível
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REPRISE | ENTREVISTA PUBLICADA ORIGINALMENTE EM 23\03\2018
“Se o Brasil não der certo, o mundo não vai dar certo. Sem nenhuma pretensão, mas o Brasil é um microcosmo. É uma síntese de raças, de cultura, de civilizações. Se nós não dermos certo, as condições para o mundo ficam prejudicadas”, é assim que o diplomata e ex-embaixador do Brasil na Argentina e na França, Marcos de Azambuja, define o papel do País no século 21.
Em entrevista ao UM BRASIL, Azambuja afirma a Jaime Spitzcovsky que o Brasil não deve se considerar um País inferior com “complexo de vira-lata”, mas se posicionar de acordo com suas reais capacidades.
“O Brasil tem de jogar dentro das suas possibilidades. Nem truculência, nem tonitruância, nem excesso de protagonismo, mas também nenhum excesso de modéstia. O Brasil ainda é uma grande potência regional com projeções mundiais”, diz e complementa: “Um País não pode viver aquém do que ele é, mas não deve viver além do que ele pode”.
Azambuja considera que, apesar de sermos uma grande potência agropecuária e territorial, o desempenho da ciência e tecnologia é intermediário. “O Brasil é um país de difícil conceituação e tem uma capacidade de ser simultaneamente muitas coisas”, explica.
Sobre a política externa brasileira entre os períodos de governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, o especialista entende que o País teve uma atuação de protagonismo sensato.
Para o diplomata, a história mostra que o Brasil erra pouco, mas é retardatário e demora muito em acertar em suas decisões. Azambuja acredita que a Nação alcançará os desenvolvimentos econômico, social e político apenas com um somatório de ações.
“Estou convencido que o Brasil vai se arrumar não por uma definição central de um governo, mas por acertos setoriais. Quero dizer, pouco a pouco o País começa a dar certo num município que resolve bem a educação, noutro que resolve melhor a saúde, noutro que resolve mais a produção de alimentos. Pela sua complexidade, o Brasil não é um país que possa ser governado de uma cidade”, destaca Azambuja.
Na conversa, ele comenta ainda sobre os grandes desafios globais, como instabilidade da Venezuela, diplomacia Trump, ondas imigratórias na Europa e ascensão da extrema-direita no mundo democrático.
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