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Os possíveis desdobramentos do uso da Inteligência Artificial (IA) no futuro do trabalho fazem parte de uma discussão inadiável. No retrato atual, tanto a mão de obra pouco escolarizada quanto a de nível educacional avançado passarão por transformações profundas. Diante disso, cabe ao País decidir se a tecnologia será uma aliada da produtividade, do crescimento econômico e dos negócios.
O debate se mostra ainda mais urgente ao se observarem os dados apresentados em um estudo da Fundação Dom Cabral (FDC), em parceria com o Fórum Econômico Mundial, que indica o desaparecimento de 14 milhões de vagas de emprego, até 2027, em 45 países analisados — incluindo o Brasil. “Temos visto, com muita frequência, que qualquer processo produtivo da indústria ou dos serviços que tenha capacidade de automatizar esses dados, tende a fomentar a substituição ou a automatização da atividade mais operacional”, explica Hugo Tadeu, professor e diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC.
Em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, o diretor explica que, além da integração tecnológica, será preciso ter um olhar atento sobre a qualificação da mão de obra, da ponta mais básica até a universitária.
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De acordo com Tadeu, o País ainda carece de um planejamento de Estado que materialize e transforme em desenvolvimento toda a capacidade inovadora da população. Isso se traduz em planos para uma universidade entre as melhores do mundo; uma qualificação excelente no ranking do Pisa; expansão da formação de pessoas nas áreas de Tecnologia; fomento a pesquisas, inovação e tecnologias; e criação de ferramentas tecnológicas em nível nacional. “Se somássemos isso tudo, qual seria o ganho de produtividade para uma economia como a nossa, de forma a conseguir crescer para além da exportação de matéria-prima, sempre dependendo dos setores do agronegócio, de mineração, do óleo e do gás?”, questiona o professor.
“O futuro da qualificação é um assunto complexo, pois demanda entendimento de mundo — o que nós e outros países temos feito —, ou seja, quais são os indicadores de trabalho e de competitividade para que consigamos avançar; por outro lado, demanda também um entendimento da qualificação do empregado por ele mesmo e pela empresa para gerar a competência de longo prazo”, pondera.