Perfil de gerente fez Dilma se isolar no Planalto, dizem analistas
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Reconhecida pelo perfil de gerente, Dilma Rousseff não soube se adaptar ao papel de líder política que era necessário para o cargo de Presidente da República, avaliam o cientista político Luiz Felipe d’Avila e o administrador de empresa e sócio na companhia de recrutamento Amrop Panelli Motta Cabrera, Ricardo Amatto.
A crise que se instalou entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, resultando na aprovação do impeachment na Câmara, se deve à postura centralizadora e ao pouco diálogo de Dilma, afirma d’Avila em entrevista à plataforma UM BRASIL.
“Dilma era considerada gerente, Lula admirava sua capacidade e encarou isso como talento para a presidência. Mas Dilma não tinha a capacidade de articulação com o Congresso e outros partidos”, diz o cientista político, também diretor-presidente do Centro de Liderança Pública. “O perfil autoritário do gerente pode atrapalhar uma posição de liderança, como para o recrutamento de pessoas talentosas ao seu redor.”
De acordo com d’Avila, o isolacionismo em que Dilma entrou ocorreu em função de sua atitude na presidência. “Ela se distanciou dos outros interlocutores da política, ela não era de tomar café com políticos, articular com a oposição. Ela pensava em entregar projetos”, afirma. Ricardo Amatto faz um paralelo entre a situação de Dilma e a de um CEO de uma empresa privada. “O gestor tem que lidar com o conselho de administração, a comunidade, clientes, funcionários, acionistas. Sem jogo de cintura, o CEO não sobrevive três meses na cadeira”.
Para Amatto, além da falta de articulação, o que pode ter prejudicado a sucessora de Luiz Inácio Lula da Silva foi o número de ministérios. “Eu não conheço nenhuma empresa que tenha trinta diretores reportando diretamente. A melhor corporação do mundo não consegue ter esse diálogo com trinta interlocutores diferentes. O CEO precisa saber delegar.”
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