Partidos só pensam em si e pararam no tempo
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO
“Os partidos políticos só pensam em eleger seus candidatos, arrecadar dinheiro e negociar horário na TV. Eles pararam no tempo e se esqueceram do povo e da renovação política. Isso está vindo da população”. A análise é do cientista político Leandro Machado, um dos fundadores do Movimento Agora! e da consultoria Cause.
Em entrevista ao UM BRASIL em parceria com o InfoMoney, Machado afirma que o surgimento e fortalecimento de movimentos como Agora!, Acredito e RenovaBR, entre outros, “são um sintoma claro de que os partidos não fizeram nada na apresentação de novos líderes e de novas ideias”.
Segundo ele, a eleição de 2018 foi fundamental porque houve um clamor da sociedade por renovação política – já existente, mas agora acentuado – e a renovação foi claramente percebida.
No entanto, ele aponta a necessidade de articulação política. Com a saída de grandes “caciques” do Congresso, o País ficou com um vácuo de lideranças experientes, e os novos líderes têm pela frente o desafio de “aprender” o processo legislativo “muito complexo e espinhoso no Brasil”. Segundo Machado, “há toda uma articulação necessária para que os projetos de lei e ideias dos novos líderes prosperem”.
Prioridades
“O presidente [Jair Bolsonaro] tem se envolvido em polêmicas que, segundo analistas, tiram o foco da questão primordial no momento: a Reforma da Previdência. É uma reforma difícil de passar, mas é o tema mais importante, e não parece haver um foco do governo nisso”, acrescenta.
Além da Reforma da Previdência, o cientista político entende que as prioridades do Brasil são as reformas da estrutura tributária e do tamanho do Estado. “Não acredito em Estado mínimo, mas não dá para termos 20 mil cargos de livre nomeação só no Executivo Federal”, opina.
Leandro Machado também coloca a segurança pública entre os temas mais importantes para o País. “Foi a grande pauta da eleição. Bolsonaro se elegeu com essa bandeira de combate à corrupção e de segurança pública”, diz.
Educação
O cientista político ressalta ainda a necessidade do aumento urgente da qualidade das educações básica e fundamental no País. “Só assim haveria uma redução da desigualdade. Precisamos tirar muitos brasileiros da pobreza para o bem da Nação como um todo”, analisa.
Ele traça um paralelo importante, enfatizando novamente o desvio de foco. “Quando se está com uma doença grave, você não prioriza a unha encravada. E nós temos um problema grave na educação. Nossas crianças chegam analfabetas aos dez anos, quando deveriam estar craques em Português e Matemática. Você pode argumentar que o homeschooling [ensino em casa] precisa avançar, mas não é a questão principal. O grande ‘câncer’ é que não estamos dando uma educação adequada às nossas crianças. E não é pelos costumes, é pela falta de professor e de gestão escolar, entre outros”, destaca.
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