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Sociedade

Brasil precisa de uma classe política que obedeça à Constituição

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Publicado em: 3 de abril de 2018

ENTREVISTADOS

“O Brasil não precisa de uma nova Constituição, mas de uma classe política que obedeça à Constituição que já existe”, analisa o geógrafo e professor do Brazil Institute do King’s College London, Jeff Garmany. Em entrevista ao canal UM BRASIL, Garmany afirma que, no País, quem tem recursos consegue usar a legislação para fazer quase tudo o que quiser e, ainda assim, estar dentro da lei. “No Brasil, a Constituição não é um problema, mas, sim, alguns grupos sociais que não têm que se preocupar com a lei”, conclui.

A entrevista faz parte de uma série gravada em fevereiro no Brazil Institute, centro de pesquisa sediado pelo King’s College London, no Reino Unido. Em entrevista ao jornalista André Rocha, o geógrafo – que dedicou sua carreira ao estudo do Brasil – comenta temas como a violência urbana e o crescimento da importância social dos evangélicos no País.

Veja também as outras entrevistas da série:
Crescimento do Poder Judiciário no mundo é inevitável
Maturidade democrática é necessária e urgente no País

“O Brasil é um país de contrastes”, observa Garmany. “Tem os braços abertos e outras características que explicam sua popularidade no mundo. Por outro lado, nota-se tanta injustiça social e pobreza, que é difícil explicar por que existem tantas coisas boas, mas tantos problemas. Analisar essas diferenças faz parte da minha pesquisa”, conta.

Sobre a popularização da religião evangélica no Brasil, o estudioso afirma que o significado de “evangélico” é difuso, entre pessoas mais e menos conservadoras quanto a questões como o casamento homoafetivo ou a legalização da maconha. “Em geral, esses grupos são conservadores, mas ser evangélico há 20 anos era algo muito mais radical. Hoje não dá para dizer quem é evangélico e quem não é nos espaços públicos – ou seja, o que significa ser evangélico no Brasil está sempre mudando”, explica o entrevistado.

“A força da bancada evangélica chama a atenção, mas temos de lembrar que é um grupo diverso. No futuro, ainda não sabemos como eles podem continuar usando essa identidade religiosa para definir suas ideias ou sua base de apoio”, afirma.

Acerca da segurança pública no País, ele analisa motivos pelos quais ela permanece insuficiente. “Ninguém está satisfeito com a segurança pública no Brasil, nem os ricos nem os pobres”, diz. “Se todo mundo está insatisfeito, por que razões ela não muda? O que me chama atenção aqui é que, para os ricos, há benefícios: eles não são processados ou presos” argumenta o pesquisador. “Gostaria de acreditar que essa desigualdade está mudando e que até os ricos precisam pensar em processos legais. Temos visto algumas evidências disso”, conclui.

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