O Brasil precisa definir como quer distribuir os gastos em educação, segundo afirma o especialista em educação e chefe de Projetos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), João Marcelo Borges.
Ele diz ao UM BRASIL, em entrevista à Ana Paula Morales, que o País gasta muito com o ensino superior, sobretudo em nível federal, e menos da metade do valor é destinado à educação básica. O especialista lembra que os gastos em educação aumentaram na última década, levando em consideração a proporção do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo Borges, os problemas encontrados na educação nacional são de duas ordens: na priorização do gasto e na escolha de como quer gastar, ou seja, é preciso decidir se o Brasil vai continuar a investir mais no ensino superior, que tem quantitativo inferior aos mais de 37 milhões de alunos da educação básica, e avaliar a partir de quais tributos serão coletados os recursos necessários. “No fim, é tanto um problema quantitativo quanto qualitativo, mas principalmente é uma questão de priorização da sociedade brasileira e do governo de onde deve investir”, diz.
Borges enfatiza que cuidar da primeira infância é essencial para que os alunos cheguem na escola preparados para aprender. Essa alteração no sistema educacional poderia alterar a avaliação do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “O sistema de ensino precisa ter metas ambiciosas e públicas que orientem os seus esforços”, afirma.
A entrevista integra a série “Federalismo e Educação no Brasil”, produzida pelo Canal UM BRASIL em parceria com o Centro de Liderança Pública (CLP), responsável pelo Índice de Oportunidades da Educação Brasileira (Ioeb).