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Economia e Negócios

Lê-se pouco porque as pessoas têm dificuldade para ouvir o outro

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Publicado em: 17 de agosto de 2018

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MEDIAÇÃO

Uma atividade solitária, silenciosa e sem interação. Assim, a leitura vai na contramão das principais formas de entretenimento criadas pelo ser humano. Contudo, o que mais contribui para que se leia pouco no Brasil é a dificuldade das pessoas para ouvir o que o outro tem a dizer, de acordo com o presidente do Conselho de Administração da Livraria Cultura, Pedro Herz.

O livreiro compara a leitura a ouvir o que o escritor diz sem a possibilidade de rebater. “Uma coisa que me chama a atenção é a dificuldade de ouvir. Ler é uma atividade solitária, e você precisa ficar calado para ouvir o que o outro está dizendo em uma mídia que não é oral. Ficar em silêncio o tempo que for necessário, focado, ouvindo o que o escritor tem a dizer. Isso requer que você fique calado”, reitera Herz, em entrevista ao UM BRASIL conduzida por Thaís Herédia.

Para o presidente de uma das maiores livrarias nacionais, a indústria literária está em crise porque as pessoas “não ouvem” e “falam compulsivamente”. “Fala-se sem parar, e acontece o tempo inteiro em qualquer classe social, raça, credo. Hoje, você entra em um elevador e cem por cento dos passageiros estão falando, não oralmente, mas escrevendo. Será que estão ouvindo as respostas? Essa é a questão”, completa.

Para ele, o livro, tanto em formato físico quanto digital, compete pelo tempo das pessoas com outras formas de entretenimento que não requerem que se fique em silêncio. “O fato é que as pessoas estão com o tempo escasso para tudo. Ninguém vai expandir o dia, que continuará tendo 24 horas. No entanto, as ofertas de entretenimento são inúmeras. O tempo que se consome com coisas inúteis no Brasil – por exemplo, mídias sociais – é enorme”, salienta.

O empresário também aponta a falta de incentivo dos pais à leitura como um motivo para que se leia pouco no Brasil: “Quem faz o leitor? Na minha opinião, são os pais. Eu lia porque os meus pais liam. Meus filhos pegavam livros antes de serem alfabetizados porque me viam com livros. Esse é o bichinho que pica e contamina”.

Nesse sentido, ele diz que o Estado brasileiro poderia tentar dar um recado à sociedade. “Acho que uma campanha que deveria ser feita por um governo seria: ‘Se você não lê, como quer que seu filho leia?’”, indica.

Segundo Herz, também tem impacto negativo sobre o número de novos leitores a questão demográfica do País. “As pessoas mais esclarecidas são as que mais leem e estão tendo menos filhos”, finaliza.

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