Estratégias empresariais para um futuro sustentável no Brasil
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Às vésperas da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, no 1º de outubro, a Casa Balaio, em Belém do Pará, foi palco do Encontros COP 30 I Clima, Impacto & Mercado, que reuniu diferentes vozes e pontos de vista para discutir soluções sustentáveis para os grandes impasses climáticos nacionais.
O evento foi realizado em parceria com a Revista Problemas Brasileiros e apoio do Canal UM BRASIL — ambas realizações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) também foi apoiadora da iniciativa.
O painel “Estratégias Empresariais para um Futuro Sustentável” inaugurou o encontro, trazendo visões diversas sobre as soluções que as empresas estão adotando com vistas aos compromissos ambientais e climáticos, à força da cooperação entre saberes locais e ao mundo empresarial, além de abordar o potencial da bioeconomia amazônica. Confira a seguir.
Por uma economia da sociobiodiversidade
- O verbo deve ser “cooperar”. O Brasil precisa criar mecanismos para desenvolver a sociobioeconomia em cooperação com comunidades tradicionais da Amazônia. Foi o que defendeu Edivan Carvalho, coordenador do escritório do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), durante o painel.
- Reconhecer o saber ancestral. Paraense, nascido na zona rural e filho de pai agricultor, Carvalho acredita que as populações locais, detentoras do território e de conhecimentos tradicionais, devem ser incluídas na geração de renda e nas cadeias de produção da economia pautada na biodiversidade.
- Da saúde ao alimento. Para o coordenador do Ipam, é necessário reconhecer essas populações tanto como detentoras da terra e do saberes, quanto como provedoras de soluções. “Muitos produtos da sociobioeconomia têm influências diretas na saúde humana, na questão da segurança alimentar. Então, a gente precisa valorizar esses aspectos”, disse Carvalho.
Reconhecer as soluções locais
- Avanços estão acontecendo. A logística pode ser um entrave para que muitos negócios estabeleçam relações estratégicas com as regiões amazônicas. Mas será que esse temor ainda faz sentido? “O Pará, pelo menos, melhorou muito nos últimos anos. Estradas, pontes e sistemas fluviais estão mais organizados. Esse desenvolvimento está acontecendo”, explicou Joanna Martins, sócia-fundadora da Manioca e diretora-executiva do Instituto Paulo Martins.
- E as soluções já existem. Quando o foco está no desenvolvimento e na sustentabilidade, é fundamental conhecer e valorizar as soluções locais. Especializada em cultura alimentar e alimento amazônico, Joanna lembrou que as empresas e os projetos que “vêm de fora” dificilmente vão prosperar sem o conhecimento do território, das especificidades e dos caminhos já encontrados pela população e pelos governos locais para os desafios do dia a dia.
- Entender as realidade locais. “Muitas vezes, acabo tendo que arrumar o frete para trazer o produto para a minha fábrica, porque o fornecedor não tem condições ou não existe no município dele o frete para trazer o produto para cá”, explica Joanna. “É um ambiente tão diferente daquele que estamos acostumados no meio urbano que é muito importante que a gente entenda esse ambiente local e pense soluções locais”, completou.
Um conselho para as empresas
- Primeiro passo. A preocupação com a crise climática e a sustentabilidade dos negócios se faz cada vez mais presente no ambiente empresarial. Nesse cenário, é fundamental que os negócios e seus gestores tenham “plena consciência dos seus propósitos”, recomendou Cristiane Cortez, assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP.
- Estratégias sustentáveis “Para isso, a organização precisa conhecer profundamente os seus fornecedores, os seus consumidores, os seus funcionários — todos os stakeholders — para aí, sim, poder traçar estratégias dentro desses temas”, completou a especialista.
- Vocação inovadora. Joanna, do Manioca, acrescentou que, ao falarmos de soluções sustentáveis, o Brasil deve exercitar mais a sua vocação inovadora. Segundo ela, as empresas e a sociedade precisam olhar com mais atenção para o potencial dos ativos da floresta.
- Um olhar para as oportunidades. “No xampu, usa-se mandioca; na maquiagem, usa-se mandioca. O cumaru era usado para fazer chá, depois, usado pela perfumaria; agora, pela gastronomia. As aplicações são diversas”, disse. “Está faltando a gente ser promotor de novidades, porque não falta a oportunidade para a gente no Brasil”, concluiu.
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