Especialistas debatem as perspectivas da política externa brasileira
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“Apesar de não merecer, o Brasil continua como a segunda maior economia emergente do mundo”, afirma o diretor do BRICLab da Universidade Columbia, Marcos Troyjo. Ao lado da professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e fellow do Instituto Igarapé, Adriana Erthal Abdenur, ele participa de conversa com o canal UM BRASIL sobre a posição nacional diante de uma ordem mundial em transformação.
“A imagem do Brasil sofreu certo desgaste em decorrência da crise econômica e da turbulência política no plano doméstico, o que teve seus reflexos na política externa”, afirma Adriana. “Ainda assim, acho que há muitos atores que ainda apostam que o Brasil no médio e longo prazos vai retomar o crescimento”, observa.
A entrevista faz parte de uma série realizada em Pequim durante o Brazil+China Challenge 2017, ocorrido nos dias 1º e 2 de setembro. São 12 produções que serão divulgadas todas as terças-feiras até o dia 19 de dezembro. A equipe do UM BRASIL conversou com nomes como o economista Rodrigo Zeidan e o professor das universidades de Shandong e Tsinghua, Daniel A. Bell. O Fórum foi correalizado pela Brasa Ásia – braço asiático da Brazilian Student Association, a maior associação de estudantes brasileiros fora do Brasil em parceria com o Laboratório de Políticas Públicas da FGV (LabFGV).
“Não estamos na ‘brasilfobia’ de 2002, tampouco na ‘brasilmania’ dos anos 2010, quando se imaginava que em uma década ocuparíamos o quinto lugar entre as maiores economias do mundo”, acredita Troyjo. “É claro que há uma enorme decepção, um desalento com o fato de que o Brasil está se tornando uma espécie de desperdiçador serial de oportunidades. Por outro lado, as pessoas estão satisfeitas com o desenvolvimento institucional, sobretudo com os reflexos da Operação Lava Jato”, afirma.
“Isso deve pagar bônus de médio prazo para quem apostar nesse momento no País.” Segundo ele, o Brasil ainda tem destaque, apesar de as oportunidades de crescimento efetivo serem continuamente desperdiçadas. “Apesar de não merecer, o Brasil continua como a segunda maior economia emergente do mundo. Os dados mantêm, no médio prazo, uma febre do futuro do País”, crê.
Os entrevistados conversam também sobre o bloco que une Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics). “Brics significa diferentes coisas para diferentes pessoas. A meu ver, o bloco se converteu numa cisão importante: de um lado ‘Brússia’, com baixo crescimento; do outro. ‘ChÍndia’, com um crescimento importante”, explica o pesquisador.
“Agora se fala em ‘Brics Plus’, com uma inclusão de membros como Tajiquistão, Tailândia, Egito, Guiné e México. Tenho dúvidas para a expansão do Brics para além dos seus cinco sócios originais”, diz.
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