Economia comportamental contribui para análises econômicas mais assertivas, analisa Sérgio Almeida
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“O Prêmio Nobel para um trabalho sobre economia comportamental é uma confirmação de que a união de economia e psicologia está estabelecida”, afirma o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Sérgio Almeida. Em entrevista realizada pelo canal UM BRASIL em parceria com o site InfoMoney, ele conversa com Thiago Salomão (InfoMoney) e Érica Fraga (UM BRASIL) sobre o tema da pesquisa que rendeu ao americano Richard Thaler o Nobel da Economia em 2017.
Segundo o comitê da Academia Sueca que seleciona os premiados, Thaler explorou como racionalidade limitada, preferências sociais e falta de autocontrole afetam tanto as decisões individuais quanto os resultados do mercado. Para Almeida, investigações dessa área, denominada “economia comportamental”, buscam mensurar os limites da racionalidade dos agentes econômicos e contribuem para tornar as análises econômicas mais assertivas.
“A ideia é melhorar a parte psicológica dos modelos, sob a crença de que, ao fazer isso, você vai melhorar sua capacidade preditiva”, afirma. “Até o fim da década de 1970, a teoria econômica se povoava com um indivíduo racional que tinha preferências estáveis, o ‘homo economicus’”, explica o professor da FEA-USP. Segundo ele, desde então surgiram questionamentos sobre as decisões humanas serem estritamente racionais.
“A partir disso, os economistas começaram a questionar essa concepção.” Economia comportamental, ele explica, é um “guarda-chuva” que abriga uma série de tópicos que usam elementos empíricos e teóricos já consolidados da área de psicologia, e os aplicam aos modelos econômicos. “Essa junção não é algo mais visto como heterodoxo ou com viés subversivo, como talvez fosse no passado”, diz o professor. “A prova disso é que já foram concedidos Prêmios Nobel para a área, bem como a medalha John Bates Clark, da Associação Americana de Economia. Também há teses de doutorado saindo dos melhores departamentos da área sobre economia comportamental, e nos periódicos acadêmicos há regularmente trabalhos sobre o tema”, conclui.
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