Apesar da previsão de turbulência econômica em 2023, em decorrência da alta inflação no País – com redução do poder aquisitivo da população – e dos impactos na economia graças às tensões geopolíticas na Europa e na Ásia, Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV, acredita que o Brasil tenha se fortalecido e que possa passar pelos desafios de maneira diferente até então. A afirmação foi feita em entrevista ao Canal UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.
“Temos o problema de a inflação ser, além de elevada, disseminada. Este é um combate difícil de ser feito, porque vai exigir taxas de juros elevadas com aperto monetário mais forte. Os atuais desafios climáticos europeus também tornam natural um pessimismo diante do cenário. A novidade é que, talvez, a economia brasileira possa se mostrar mais resiliente a estes choques externos”, analisa Padovani.
O economista explica os fatores que justificam a leitura mais positiva sobre estes impactos, dentre eles, o fato de o País ter feito reformas importantes, como a Trabalhista e a Previdenciária, assim como a lei que estabelece a autonomia do Banco Central (Bacen) e a regularização dos marcos regulatórios de saneamento e gás.
“Não sabemos contabilizar como isso afeta no crescimento, mas, do ponto de vista qualitativo, faz sentido dizer que as reformas ajudam a tornar a economia nacional mais forte”, ressalta o economista.
Outro aspecto favorável ao Brasil está relacionado às incertezas a respeito da Ásia e da Europa. Na opinião de Padovani, as cadeias globais e a logística na pandemia podem gerar desvios de comércio e de investimento.
Além disso, os indicadores de curto prazo são bons, como os de contas externas, governo, comportamento da dívida etc. “A Bolsa tem oscilado menos que seus pares internacionais. O câmbio mostra também um comportamento mais estável, e os mercados futuros de juros reagem positivamente”, comenta Padovani.
O economista-chefe do BV ainda fala dos reflexos da falta de interesse de agentes políticos na agenda internacional e dos rumos das economias chinesa e norte-americana.
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Crédito da foto: Divulgação