“É preciso valorizar o professor”, diz especialista da Universidade de Illinois
ENTREVISTADOS
Mary Paula Arends-Kuenning, professora associada da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, Estados Unidos, diz que não há milagres quando o assunto é educação. “É preciso valorizar o professor e investir na melhoria do capital humano, base para o desenvolvimento de uma nação”, defende.
Durante entrevista realizada pelo UM BRASIL, a especialista falou sobre a necessidade de criar incentivos para atrair pessoas para a profissão de educador. “Hoje, se você dá aula há 20 anos, recebe mais; se dá aula há dois anos, recebe menos. Ou seja, aumenta-se o salário ao longo do tempo. É preciso reverter isso, com bons pagamentos e escolas próximas da casa dos professores”, acredita.
Mary cita estudo norte-americano que comprova que crianças que tiveram bons professores se tornaram adultos mais bem-sucedidos economicamente. A especialista também faz uma análise sobre as desigualdades sociais entre Brasil e Estados Unidos e ressalta que ambos os países podem aprender com as fragilidades do outro.
“O Bolsa Família foi e está sendo testado em algumas cidades norte-americanas como uma maneira de combater a desigualdade.” Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos os recursos das escolas públicas são financiados por impostos sobre propriedades, e isso contribui para o aumento da desigualdade. “Pessoas que moram em bairros ricos têm mais fundos para boas escolas públicas, enquanto aqueles que moram em bairros pobres possuem menos oportunidades”, explica.
A professora diz não ser a favor da educação universitária gratuita em tempo integral, como acontece nas universidades públicas brasileiras. Para ela, as pessoas que mais se beneficiam do sistema tendem a ser as mais ricas. Paula também fala sobre o impacto da crise econômica brasileira para o avanço da educação. “Este é o momento de focar e pensar sobre o que está funcionando ou não. Às vezes, as pessoas estão mais aptas a fazer mudanças quando as coisas não estão indo bem”, diz. O forte investimento na educação durante os últimos 20 anos é outro motivo para o otimismo.
“Os jovens que se beneficiaram desse avanço constituíram família e hoje são pais. A educação mais elevada dos familiares causa resultados eficientes na educação dos filhos. A ideia de que “eu tenho o direito de reclamar quando minha escola não funciona bem” – ou “eu tenho o direito de reclamar quando o professor não vai à escola” – faz parte do que está ligado à consciência de educação pública”, enfatiza.
ENTREVISTADOS

CONTEÚDOS RELACIONADOS

Pequenas empresas estão comandando inovações em todo o mundo
Segundo o professor Nicholas Vonortas, grandes negócios só apresentam saídas inovadoras sob forte pressão
ver em detalhes
Venezuela pode superar crise com uma transição pacífica de poder
Segundo o economista Rafael de la Cruz, as eleições no país ocorreram sem legitimidade e regime de Maduro é insustentável
ver em detalhes
Desafios e oportunidades para o Brasil no mercado global
Segundo Luciano Menezes, CEO do World Trade Center Lisboa, empresas nacionais precisam se internacionalizar
ver em detalhes