Desvalorização da ciência agrava assimetria regional no Norte do País
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Historicamente, a Região Norte do Brasil convive com um problema de baixos recursos destinados à ciência e menor número de pesquisadores, em comparação a outras partes do território nacional, o que acentua a desigualdade regional e compromete a evolução de projetos voltados ao desenvolvimento e à conservação da Amazônia. A afirmação é da bióloga Ana Luisa Albernaz, diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi – a mais antiga instituição pública da região amazônica e o segundo museu brasileiro mais antigo –, ao Canal UM BRASIL, uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
“Atualmente, o Norte representa 49% do território nacional, mas conta com apenas 5% dos pesquisadores fixados. Não vemos um avanço na redução das desigualdades, porque continuamos recebendo menos recursos. Além disso, os profissionais capacitados formados aqui não conseguem ficar na região graças à falta de política de afixação. Falta resolver este ponto para aumentar a capacidade de pesquisa instalada”, explica a bióloga à entrevistadora Sabine Righetti.
Valorização da ciência
Esta desvalorização – mesmo diante de um museu que dispõe de um acervo de conhecimentos nas áreas das ciências Naturais e Humanas relacionados à Amazônia, além de mais de 400 mil itens catalogados – perpassa a sociedade, como a pesquisadora comenta. “Por mais que estejamos saindo de uma pandemia, a grande mídia não olha para a ciência. Na Inglaterra, por exemplo, o tema está em todos os jornais e nos debates políticos.”
Segunda Ana Luisa, mesmo com os esforços para produzir e publicar conteúdos relevantes para a sociedade, no Brasil, o resultado pode ser considerado pífio se comparado ao alcançado pela área de Entretenimento. “Tentamos comunicar o máximo para uma maior quantidade de públicos, mas temos cerca de 30 mil seguidores nas redes sociais. Em contrapartida, um influenciador que faz meme tem 1 milhão de seguidores. Chega a um ponto em que somente o nosso esforço é incapaz de mudar esta realidade. É preciso haver também uma classe política e de governantes com maior entendimento da importância da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento do País. Mesmo com estes desafios, tenho esperança de que a ciência seja mais valorizada no futuro”, destaca.
Imagem: Divulgação/Cezar Filipe Silva
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