“Desafio atual é proteger os ganhos da globalização”, diz Daniel Gómez Gaviria
ENTREVISTADOS
A sinalização de adoção de políticas econômicas protecionistas por alguns países desenvolvidos se deve ao fato de que os grandes vencedores do processo de globalização foram as classes pobres dos países emergentes e as elites globais. É o que diz Daniel Gómez Gaviria, líder de Pesquisa de Competitividade do Fórum Econômico Mundial.
Em entrevista ao UM BRASIL, o economista diz que, numa avaliação de ganhos e perdas, a globalização trouxe mais vantagens do que desvantagens para todas as nações. Por isso, o desafio atual é proteger os benefícios que decorrem desse processo.
“Ao analisarmos os efeitos dos processos de globalização, vimos milhões de pessoas sendo tiradas da pobreza na China, na Ásia, na Índia, quando os países se integraram e começaram a participar da economia global”, afirma o doutor em economia pela Universidade de Chicago.
“Em geral, acho que teve uma redução na desigualdade com a queda da pobreza, mas houve aumento de desigualdade dentro de certas sociedades e certos países. Eu acho que essa é a experiência de certos países industrializados como o Reino Unido, os EUA, onde, é claro, há choques”, completa Gaviria.
Segundo o economista, a globalização causa um efeito no mercado de trabalho semelhante ao advento de uma nova tecnologia: profissões perdem espaço para novas práticas e habilidades mais eficientes. Dessa forma, o processo acaba não contentando a todos. A partir desse descontentamento, surgem as políticas protecionistas.
“Essa onda de protecionismo é muito dura, pode causar danos muito grandes, porque as correntes globais estão muito integradas e dispersas pelo mundo”, opina o membro do Fórum Econômico Mundial. Sobre o Brasil, Gaviria diz que, embora o País venha caindo nos rankings de competitividade, ainda possui vantagens naturais para fortalecer a economia. Além disso, o País enfrenta uma dificuldade de coordenação de política econômica típica de países grandes.
“Uma das vantagens principais do Brasil no Índice de Competitividade é o tamanho enorme do mercado. Economias menores têm que se integrar na economia mundial para ter vantagem econômica. O Brasil tem um grande mercado que pode usar para eficiência de custo, de balança, para gerar novos setores.”
ENTREVISTADOS

CONTEÚDOS RELACIONADOS

Questão climática: riscos e oportunidades para a agenda de negócios no Brasil
Cada vez mais o impacto climático está afetando o mundo dos negócios. Por essa razão, a discussão acerca do tema deixa de ser “ideológica” e passa a entrar para a agenda das empresas no Brasil. É o que pensa Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura. “Todos os empresários que têm o bom senso de […]
ver em detalhes
Modernização do Estado é necessária para melhorar a qualidade dos serviços públicos
Vera Monteiro, professora na FGV, acredita que a Reforma Administrativa precisa ser uma pauta permanente no Brasil
ver em detalhes
Desequilíbrio entre poderes atrapalha efetividade do Estado
Segundo Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, a democracia depende de harmonia entre Executivo e Legislativo
ver em detalhes