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Política

Brasil precisa de união por democracia e combate à desigualdade

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Marcos Mortari Entrevistador(a)
Publicado em: 24 de setembro de 2019

Sem planos para o desenvolvimento do País, os partidos políticos vivem o presente pelo presente, pensam apenas nas próximas eleições e se esquivam, inclusive, de defender a democracia e as instituições, cujos riscos de implosão têm crescido significativamente. Essa é a avaliação do presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e professor de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcos Nobre, sobre a atualidade da política brasileira.

Em entrevista ao UM BRASIL – uma iniciativa da FecomercioSP – em parceria com o InfoMoney, Nobre clama que se faça uma união em defesa das instituições e de uma pauta mínima de desenvolvimento, tendo o fortalecimento da democracia e o combate à desigualdade como pontos centrais. Ele comenta que, embora uma parte considerável das legendas não apoie a política do governo do presidente Jair Bolsonaro, todos estão confortáveis com o cenário atual.

“Bolsonaro é muito útil para esse arranjo estranho que a gente fez aqui no Brasil, porque ele fala barbaridades toda semana. Ele ocupa a pauta, e nós ficamos discutindo barbaridades durante uma semana em vez de discutir os problemas gravíssimos que temos, que é não ter uma imagem de futuro”, ressalta. “Ninguém diz o que quer que o País seja em 2040 ou 2050. Então, estamos em uma situação grave, [na qual] vivemos o presente pelo presente o tempo todo”, complementa.

Segundo Nobre, na atual conjuntura, os partidos estão preocupados somente com as próximas eleições, enquanto assistem ao desfalecimento das estruturas democráticas, simbolizado pelas intervenções do governo federal em órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“Os partidos precisam se dar conta de que o que nos aflige hoje não é uma questão eleitoral. Nós estamos em risco de jogar o nosso País no abismo e não podemos brincar com isso”, assevera.

“O que aconteceu foi que nós perdemos um certo conjunto de regras de justiça partilhada. O que é isso? Nós perdemos aquele chão comum a partir do qual nós exercitamos as nossas divergências. Não existe mais esse chão comum, cada grupo tem o seu próprio. Nós não temos mais um chão comum que antes se chamava ‘democracia’ para poder divergir e formular projetos alternativos para 2040 e 2050. Para isso, precisamos ter acordos sobre como as instituições devem funcionar e como deve ser a disputa política”, acrescenta o professor.

Nesse sentido, Nobre convoca as legendas e os movimentos sociais a estruturarem “uma frente ampla” que tenha “no centro da sua organização a questão da desigualdade”.

“Cada um vai enfrentar de um jeito. Existe um projeto liberal para enfrentar a desigualdade no Brasil; existe um projeto social-democrata; existe um projeto de centro-esquerda de outra natureza. Não significa que todo mundo tem que concordar, mas temos que colocar uma base mínima. Pelo que tenho visto das pessoas falarem, essas duas coisas [fortalecer a democracia e combater a desigualdade] seriam possíveis”, avalia o professor.

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