A democracia brasileira passa por um momento de estresse em meio a diversas crises, e, sobretudo, em razão da crescente desconfiança sobre o devido funcionamento das instituições, conforme entrevistados do UM BRASIL têm destacado ao longo dos últimos anos.
Personalidades acadêmicas, da política e do mercado avaliaram como é possível aperfeiçoar a democracia para que acompanhe as demandas do nosso tempo, englobando o combate à corrupção, a emergência climática, as redes sociais como ferramenta de engajamento ideológico e a ascensão de governos que aprofundem as crises. Seja na saúde ou na doença, o comprometimento civil com a democracia nunca foi um debate tão urgente. Confira os destaques do canal que separamos sobre o tema.
Brasil vê crises simultâneas, democracia corroída e indiferença à morte
“Não há nenhum outro momento na história do Brasil em que seja possível ver três coisas ao mesmo tempo: uma superposição de crises – crise política, ambiental, econômica, sanitária, só falta a crise social –, um processo de corrosão da democracia por dentro das instituições e o comportamento de um largo setor da sociedade brasileira de indiferença e desprezo diante da morte”.
Esse é o retrato do Brasil de 2020 na visão da historiadora, cientista social e professora titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Heloisa Starling. Assista!
Nem pandemia reduz tensões políticas que estressam a democracia
Nesta entrevista, a professora da Universidade Federal de Pernambuco, Nara Pavão, e a professora da escola de administração pública da Fundação Getulio Vargas (FGV), Daniela Campello, avaliam que vários fatores conjunturais estão colocando em suspensão a crença de que a democracia é permanente.
Nara explica que as pessoas costumam pensar na democracia como o fator que vai resolver todos os problemas e entregar todos os resultados por si só, mas que isso cria uma visão romantizada de como as coisas se desdobram.
Já Daniela diz que o constante discurso antidemocracia, os ataques à mídia e à liberdade de expressão, as instituições de controle em questionamento e as instituições de políticas públicas que já não funcionam na direção para as quais foram criadas nos deixam em uma situação muito preocupante. Confira!
Democracia não está garantida, avaliam especialistas
Para alguns especialistas ouvidos pelo canal nos últimos anos, a forma como a participação popular nas decisões tem sido conduzida – ao longo dos anos no Brasil e no mundo – está comprometendo avanços essenciais para as nações e impactando a percepção das populações sobre a sua capacidade de interferir significativamente nessa agenda. “Houve uma erosão no apoio incondicional à democracia. Isso é um alerta de que não devemos tomar a democracia por garantia”, afirma Larry Diamond, sociólogo político e professor da Universidade Stanford. Veja um resumo com as principais análises sobre o tema no canal.
A importância da informação para a democracia
A cientista política, entrevistadora do UM BRASIL e diretora-executiva da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), Mônica Sodré, reforça a importância da participação dos brasileiros na política: “Parte do desafio de construir uma democracia melhor passa por informar melhor os seus cidadãos”, sintetiza. Ela já participou de três debates promovidos pelo canal sobre cidadania, voto, renovação e Reforma Política. Confira!
Falta um líder contra degradações política, social e econômica
“Para lidar com um governo desastroso, será preciso que uma voz democrática encarne um programa de oposição com força suficiente de ideias e que tenha uma adesão profunda da grande massa popular e da classe média. Mas, hoje, nós não temos este nome”, afirma o historiador e cientista político, Boris Fausto.
“Este é o grande problema deste momento. Gira-se em torno de nomes razoáveis, mas que não têm o carisma necessário, ninguém que se desenhe com essa força de uma liderança e se anteponha às condições lamentáveis da nossa política e das situações social e econômica do País”, reforça o historiador. Veja a conversa completa!