A transparência é o caminho, por Guilherme Costa
Por Guilherme Costa
O reconhecimento oficial da profissão de relações institucionais e governamentais (RIG) pelo Ministério do Trabalho (MT), que a incluiu, em fevereiro deste ano, na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), começou a mudar de forma definitiva os rumos do antigo lobby. Na definição do MT, os profissionais de RIG:
“… atuam no processo de decisão política, participam da formulação de políticas públicas, elaboram e estabelecem estratégias de relações governamentais, analisam os riscos regulatórios ou normativos e defendem os interesses dos representados”.
O reconhecimento da profissão também deverá contribuir para afastar as suspeitas que ainda pairam sobre a relação entre o setor público e a iniciativa privada.
Além de reconhecer os profissionais de RIG, a CBO definiu ainda 91 competências sobre nossa atividade, tornando-a uma das mais complexas entre mais de 2,5 mil reconhecidas pelo governo brasileiro. Uma vitória, sem dúvida, não só para aqueles que, de forma ética, transparente e profissional, militam nessa atividade, mas também para toda a sociedade brasileira.
Para a Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig), quanto mais transparência houver na relação entre o público e o privado, melhor. Por isso, participamos ativamente da discussão do Projeto de Lei n.º 1.202, de autoria do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que propõe a regulamentação da atuação dos profissionais de RIG.
Ao participar dos debates sobre a regulamentação de nossa atividade, a Abrig sempre se colocou à disposição para esclarecer dúvidas sobre o mercado no qual atuamos e trabalhou para que o Brasil pudesse propor uma regulamentação que possa vir a ser referência mundial. Podemos atestar que o texto, que está prestes a ser votado no Plenário da Câmara, mantém sintonia com os valores e atribuições defendidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Transparência Internacional.
A quase totalidade das nações desenvolvidas já aprovaram leis e regramentos nesse sentido. Chegou a hora de o Brasil se unir a esses países, desmistificando o tema e fomentando o diálogo positivo e propositivo entre sociedade e Estado.
Acreditamos que nossa atividade deva estar em sintonia com os interesses da sociedade e que nossos profissionais estejam cada vez mais capacitados para exercerem suas atividades, que vão muito além da defesa formal de um pleito. Estamos preparados para apresentar estudos, pesquisas e levantamentos dos impactos econômicos e sociais de cada uma de nossas discussões para que, de forma ética e transparente, possamos levar aos tomadores de decisão o máximo de informação sobre determinada política pública.
Foi com esse espírito que promovemos, em parceria com os Correios e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), a I Conferência Internacional de Logística e Inovação. Realizada em maio passado, a conferência deu o pontapé inicial a um plano ainda mais ambicioso da Abrig: a criação do Instituto Internacional de Políticas Públicas, ambiente no qual desejamos reunir especialistas, estudiosos e interessados num Brasil melhor para fazer a ponte entre a expectativa da sociedade e as ações governamentais.
*Guilherme Cunha Costa é presidente da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig)
Artigo publicado na revista Problemas Brasileiros, edição especial de setembro de 2018.
CONTEÚDOS RELACIONADOS

Brasil pode ser um grande responsável pela segurança energética do mundo, diz diretor do CBIE
Para Adriano Pires, desenvolvimento 'verde' brasileiros esbarra em insegurança jurídica
ver em detalhes
O clima tornou-se uma agenda de desenvolvimento, afirma conselheira do CEBRI
Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente, afirma que a pauta climática exige decisões integradas com as pastas de Economia e Inovação
ver em detalhes
Abertura comercial é o caminho mais curto para reduzir o “Custo Brasil”
Tema é um dos pilares analisados no livro ‘UB #11 – Modernização do Estado’, que compila os principais debates do Canal ao longo de 2024
ver em detalhes