Duas semanas depois de assinar a capa de um dossiê sobre o Brasil na revista britânica The Economist, uma das mais antigas e respeitadas do mundo, a repórter estadunidense Sarah Maslin concedeu entrevista ao jornalista Daniel Buarque para o Canal UM BRASIL, da FecomercioSP. A conversa se centrou no que aconteceu com o País entre 2009, quando foi publicada a famosa capa da publicação com o Cristo Redentor decolando (metáfora do progresso econômico), e agora, com tantas incertezas econômicas.
“A The Economist foi bastante criticada por muitos que viram o exagero no dossiê sobre o Brasil que rendeu a famosa capa de novembro de 2009, Brazil takes off (“O Brasil decola”). Entretanto, estava claro no texto que o voo de cruzeiro só aconteceria se fosse mantido os progressos de então. Na capa da publicação britânica do último dia 5, o veredito dez anos depois: Brazil’s dismal decade, sentencia a Money Times.
“A repórter de agora, Sarah Malin, mostra como o Corcovado disparando em foguete e, hoje, com respiração artificial, que a ‘década sombria’ vem dos mesmos problemas que pareciam estar mudando àquela época. Era em meio ao segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, e a economia se preparava para os tempos de crise da sua sucessora, Dilma Rousseff”, diz outro trecho do texto.
Na entrevista, Sarah afirma que a percepção internacional sobre a economia brasileira é que a falta de reformas estruturais, que poderiam aumentar a produtividade e a atratividade para investidores, além de diminuir a dependência do País de exportação de commodities, impede um crescimento econômico mais sólido do Brasil. Esta é uma característica das economias latino-americanas, mas da qual o País poderia se desvincular se os responsáveis por liderar o processo de reforma – o sistema político, sobretudo – fosse menos tributário e de interesses pessoais.
Ela também afirma que, por sua experiência, o Brasil tem um dos sistemas judiciários mais fortes da América Latina, assim como suas instituições, o que impede arroubos autoritários, como o papel que elas estão exercendo agora sobre o governo de Jair Bolsonaro.
Veja a matéria da Money Times na íntegra: Bolsonaro adiciona autoritarismo e desânimo à “década sombria”, sugere jornalista da The Economist
Assista à entrevista completa: Fragilidades no sistema político impedem avanços de reformas de longo prazo no Brasil