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Métricas comprovam real comprometimento do setor privado com a inclusão social

DEBATEDORES | Wolf Kos

Em um ambiente onde as empresas são cada vez mais cobradas em relação às suas metas de ESG, sobretudo quanto ao fator “social”, as companhias, mais do que tentar sustentar a imagem de inclusão apenas com a autodeclaração, precisam de métricas objetivas que demonstrem comprometimento. Em outras palavras, elas precisam averiguar se promovem, no quadro de funcionários, as diversidades de gênero, religiosa, racial e de deficiências intelectual e física, além de espaços adequados para cegos e surdos e, inclusive, para pessoas em vulnerabilidade social –  um problema agravado pela pandemia.

“Precisamos medir isso, pois somente por meio de uma métrica é possível sair do discurso para a realidade. O mundo se transformou de tal forma que não podemos mais depender de autodeclarações. Devemos focar em atividades reais que resultem em inclusão; a sociedade e os consumidores cada vez mais cobrarão esta postura”, defende Wolf Kos, presidente e fundador do Instituto Olga Kos, organização que desenvolve projetos para pessoas com deficiência e criadora da primeira métrica de avaliação do “social” da agenda ESG nas empresas, a Escala Cidadã.

Em entrevista, comandada pela jornalista Joyce Ribeiro ao Canal UM BRASIL – uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) –, Kos comenta que a métrica de inclusão corporativa foi desenvolvida ao longo de dois anos, concentrando-se nas variáveis arquitetônica, atitudinal, comunicacional, metodológica e programática. Sobre isso, são estabelecidos indicadores e requisitos a serem preenchidos pela organização. Além disso, são acopladas entrevistas estruturadas para ouvir funcionários, gerentes, diretores, conselheiros  e a presidência.

De forma simplificada, estas variáveis demonstram como a empresa fala “de dentro para fora” e “de fora para dentro”; como cria uma metodologia para fazer a comunicação; como pode adotar uma atitude natural de acolhimento; como projeta o desenvolvimento profissional dos empregados por meio de cursos de preparação etc. Este trabalho permite às companhias mapear em que ponto estão no processo de inclusão, além de obter retorno sobre a correção de rotas.

“Uma métrica não pode ser punitivista. Ela precisa ter o aspecto da valorização. Se uma empresa quer se certificar na Escala Cidadã, embora só preencha 25% dos requisitos, terá um parecer de como melhorar, mas já demonstra um potencial de ser mais inclusiva, e isso impactará a cadeia de formação dos seus produtos e serviços, do seu comércio e do consumo. Na medida em que quero ser inclusivo, faço com que o meu fornecedor também o seja”, ressalta o fundador do instituto.

Kos pondera, ainda, que o Brasil tem chances de ser o primeiro país a realmente fazer uma transformação social. “As autodeclarações de empoderamento feminino, LGBTQIA+, diversidade de gênero, minorias religiosas e pessoas com mais de 60 anos são demandas mundiais. Contudo, é o Brasil que pode realizar esta transformação social, pois já fazemos isso diuturnamente”, conclui.

Foto: UM BRASIL

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