“É arrogância de quem atua na educação recusar as tecnologias no espaço escolar”, diz pesquisadora da Universidade Columbia
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Incluir a tecnologia de forma efetiva dentro das salas de aula é um dos desafios da educação brasileira. Para Fernanda Rosa, pesquisadora do Center for Brazilian Studies da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, negligenciar o uso dessa ferramenta é como tirar parte do mundo da escola.
“Hoje, ela é uma extensão de nosso corpo”. Apesar das inúmeras potencialidades da internet e das ferramentas digitais aplicadas ao ensino, muitos países ainda discutem qual a melhor forma de avançar.
“Não temos métricas que nos permitam entender qual o progresso gerado nas escolas. O fato de se ter tecnologia não significa que está sendo utilizada. Uma pesquisa do Banco Mundial, lançada no ano passado, mostrou que apenas 2% do tempo dos professores brasileiros em sala de aula é utilizado com a tecnologia.”
Socióloga formada pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Gestão e Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Fernanda diz que muitas pessoas têm dificuldades para entender o papel das tecnologias no mundo atual. “É arrogância de quem atua na educação recusar esses mecanismos no espaço escolar. A internet só tem a agregar”.
Para a especialista, uma política pública de educação digital tem que ser fundamentada em três pilares: infraestrutura, conteúdo e formação de professor. “O que um sistema almeja é o aprendizado do aluno. Se um tablet for usado para um joguinho que não tem uma aplicação educacional, não estaremos usando a ferramenta para melhorar o ensino. O hardware não pode chegar à escola antes do conteúdo, deixando na mão do professor a decisão de como utilizá-lo”.
Durante entrevista ao UM BRASIL, a pesquisadora falou sobre o acesso grátis à internet e à banda larga em escolas públicas brasileiras. “A maioria não ultrapassa 2 megabytes por segundo. Muitas instituições dizem ter wi-fi, porém, com essa velocidade, é impossível utilizar. A infraestrutura é fundamental”. Fernanda defende ainda o Marco Civil da Internet, que vê como um agente de mudança no Brasil.
“A regulação coloca a escola como agente de inclusão digital na sociedade, o que é fantástico. O que não podemos deixar de mencionar é que o código não fala em criar uma disciplina de tecnologia, mas sim estar integrada ao aprendizado de outros conhecimentos, como Português, Matemática, Educação Física”.
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