“O Brasil é o mercado financeiro mais seguro do mundo, mas isso tem um custo”, diz Rodrigo Zeidan
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO
“Defendo a competição como [forma de] entregar para a sociedade um resultado do mercado financeiro melhor do que temos hoje no Brasil”, defende o professor de Economia da Fundação dom Cabral e da New York University em Xangai, Rodrigo Zeidan, em entrevista para o UM BRASIL.
A entrevista faz parte de uma série realizada em Pequim durante o Brazil+China Challenge 2017, ocorrido nos dias 1º e 2 de setembro. São 12 produções que serão divulgadas todas as terças-feiras até o dia 19 de dezembro. A equipe do UM BRASIL conversou com nomes como o sociólogo norte-americano Daniel Bell, o senador Cristovam Buarque, o diplomata Marcos Troyjo e a especialista em Relações Internacionais Adriana Abdenur.
“O mercado financeiro é regulado em qualquer lugar do mundo, ou seja, não existe competição plena”, explica Zeidan, ainda sobre sua análise que defende o aumento da competitividade. “Sou favorável à competição como forma de entregar para a sociedade um resultado melhor.” “Tenho pouquíssimas dúvidas que o Brasil é o mercado financeiro mais seguro do mundo, mas isso tem um custo”, afirma o entrevistado.
Segundo ele, a moderna regularização do sistema financeiro brasileiro é uma grande resposta a eventos da década de 1990, para evitar que o Estado tenha de interferir no mercado para solucionar alguma crise. “O que o Banco Central quer é que o sistema seja seguro e que não haja nenhuma possibilidade de crise financeira. Crise de sistema financeiro é algo muito pesado”, afirma Zeidan.
No entanto, ele diz não ter dúvidas de que o Banco Central brasileiro exagerou na busca por seguridade, que tem duas faces distintas no País e em lugares como os Estados Unidos. “Existe um ponto ótimo que combina eficiência e segurança. O pêndulo da crise financeira norte-americana, um grande fator que contribuiu, foi a desregulamentação do mercado. No Brasil temos o contrário.”
Além disso, para Zeidan, o BC ajuda a promover a concentração de mercado “É impensável em qualquer lugar do mundo que você entregue um sistema que já é concentrado em quatro grandes grupos para que fique ainda mais concentrado”, justifica.
ENTREVISTADOS

CONTEÚDOS RELACIONADOS

Discussão climática ganhou espaço na geopolítica internacional
Izabella Teixeira, conselheira consultiva internacional do Cebri, afirma que o clima é uma agenda de desenvolvimento no mundo todo
ver em detalhes
Para transformar a realidade brasileira, é preciso transformar o Estado
Em debate promovido pelo UM BRASIL e Movimento Pessoas à Frente, especialistas discutem os impasses da agenda da Reforma Administrativa no País
ver em detalhes
Transição energética precisa ser viável economicamente
Pragmatismo é necessário para transformar modelo brasileiro de energia e atrair investidores, opina Rafaela Guedes, ‘senior fellow’ do Cebri
ver em detalhes