Sociedade mais justa exige inclusão produtiva e combate às desigualdades
A desigualdade social continua sendo um dos maiores entraves ao desenvolvimento do Brasil. Apesar de avanços institucionais importantes desde a Constituição de 1988 – com a ampliação de direitos sociais, a universalização parcial da saúde e da educação e a melhora em indicadores como expectativa de vida e alfabetização – o País ainda convive com profundas assimetrias no acesso à renda, à justiça, à mobilidade e à cidadania.
Esse diagnóstico é um dos pilares da publicação UM BRASIL #11 – Modernização do Estado, realizada pelo Canal UM BRASIL, iniciativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O livro reúne entrevistas e análises de especialistas em economia, políticas públicas e desenvolvimento social, com propostas que apontam para um Estado mais moderno, inclusivo e comprometido com a redução de desigualdades históricas.

No eixo dedicado à sociedade, a obra destaca a inclusão produtiva, a proteção à infância e o redesenho de políticas redistributivas como instrumentos essenciais para enfrentar os múltiplos rostos da desigualdade brasileira – não apenas em termos econômicos, mas também em suas dimensões educacional, territorial e intergeracional.
Uma das abordagens recorrentes entre os especialistas ouvidos é a necessidade de reformular o papel do Estado como agente indutor de oportunidades. O crescimento econômico, por si só, não basta. É preciso garantir que ele esteja atrelado à geração de emprego, à elevação da renda e ao fortalecimento da autonomia dos mais vulneráveis.
Essa é a visão compartilhada pelos economistas Ricardo Paes de Barros e Laura Müller Machado, professores do Insper. Para eles, o desenvolvimento só será consistente quando os ganhos econômicos forem acompanhados por políticas públicas capazes de conectar os que mais precisam ao dinamismo da economia.
“Precisamos de uma locomotiva andando, mas que conecte o vagão dos pobres a ela”, afirma Barros.
Entre as medidas defendidas estão o estímulo à qualificação profissional em sintonia com as demandas do mercado, o apoio técnico e comercial a pequenos empreendedores e a promoção de incentivos à produtividade, como forma de ampliar a geração de valor e distribuir, de maneira mais equitativa, os frutos do crescimento.
O Brasil precisa gerar mais prosperidade, mas não é suficiente. Uma vez que essa bonança aconteça, deve ser compartilhada
Laura Müller Machado

O enfrentamento da desigualdade, no entanto, precisa começar pela base: a infância. A formação cognitiva, emocional e social nos primeiros anos de vida é um fator determinante para o futuro das sociedades. Negligenciar esse ciclo significa comprometer gerações inteiras.
As crianças são os trabalhadores do amanhã. A economia estará menos forte se não conseguirmos cuidar do principal insumo, que são os cérebros. E o cérebro se forma na primeira infância
Pedro Nery

Autor da obra ‘Extremos: Um mapa para entender as desigualdades no Brasil’ (Zahar, 2024), Nery. aprofunda a análise sobre como o Brasil convive com uma das maiores concentrações de renda do planeta, mesmo sendo também um dos países com maiores potenciais de crescimento.
Sua avaliação reforça a ideia de que políticas sociais eficientes não são custo, mas investimento de base – e que não haverá avanço democrático real sem a construção de uma sociedade mais igualitária.
Modernizar o Estado, nesse contexto, é mais do que aprimorar a máquina pública ou aumentar a arrecadação: é promover uma transformação estrutural que permita que o desenvolvimento econômico se traduza, de fato, em inclusão, justiça e cidadania. O desafio é imenso, mas também inadiável.
Para ter acesso ao livro na íntegra, acesse gratuitamente a publicação UM BRASIL #11 – Modernização do Estado.
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