Benefício social deve ser objetivo de inovações do setor público
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A inovação no setor público e a otimização de sua gestão passam por se apropriar de ideias desenvolvidas e experimentadas no setor privado, mas com o objetivo de causar um benefício social, e não apenas redução de custos e ganhos de eficiência. Essa visão está presente no debate promovido pelo UM BRASIL, em parceria com a Columbia Global Centers, com o analista de infraestrutura do Ministério do Planejamento, Willian Bueno e Silva, a mestre em Engenharia de Transportes e em Gestão Pública, Rafaela Dias Romero, e o coordenador de Social Impact Bonds da Sitawi Finanças do Bem, Rafael Palma Ribeiro.
De acordo com Silva, a aversão ao risco é maior no setor público do que no privado. Dessa maneira, soluções inovadoras tendem a ser empregadas, inicialmente, em companhias privadas, para depois serem utilizadas nos órgãos públicos. “Quando vemos que no setor privado já tem uma tecnologia que está sendo muito bem empregada, esse é o momento de assumir o risco. Se há algo comprovado de que está funcionando bem, é o momento de trazer e empregar de uma maneira gradativa, usar sempre um projeto-piloto para demonstrar, fazer seminários, convidar outros órgãos públicos, mostrar a eficácia e aos poucos isso se torna uma diretriz. O importante é: a inovação em si, em grande parte, tem que ser buscada lá fora [no setor privado]”, diz o analista de infraestrutura do Ministério do Planejamento.
Para Ribeiro, a busca pela eficiência se difere nas esferas público e privada. “O setor público pode ter mais eficiência, mas não necessariamente virá com a mesma visão do setor privado, de ganhos de escala, reduzir estruturas administrativas e quantidade de recursos que são empregados para entregar certo produto”, explica o coordenador de Social Impact Bonds da Sitawi* Finanças do Bem. Ainda de acordo com Ribeiro, a eficiência no setor público se caracteriza pelo impacto social de determinada política ou empreendimento, uma vez que se lida com problemas que atingem a sociedade.
“Eficiência é poder atender a população de uma forma ainda melhor, ter um novo elemento nessa equação, que não é o financeiro, é o impacto social, impacto na qualidade de vida, na autonomia, na redução dos riscos sociais. De alguma forma, identificar e implementar soluções que vão tornar o sistema como um todo mais eficiente”, completa Ribeiro.
Rafaela diz que enquanto eficiência está associada no setor privado ao aumento dos lucros, o setor público precisa se preocupar com a qualidade de vida do cidadão, mas não com medidas que possam prejudicar a sociedade a médio ou longo prazo. “Tem que entregar o melhor de acordo com o recurso que se tem. O setor público tem que sempre buscar realizar uma gestão eficiente”, afirma a mestre em Engenharia de Transportes e em Gestão Pública.
No debate, os especialistas também comentam soluções inovadoras que nasceram dentro do Estado e como promover ações que possibilitem o surgimento de novas iniciativas na gestão pública.
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