UM BRASIL discute oportunidades do empreendedorismo sustentável
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO

“Desenvolvimento sustentável é uma área de interesse do comércio”, ressalta o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), professor emérito da USP e presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, José Goldemberg. Por ocasião do 6º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, o UM BRASIL convida Goldemberg para debater empreendedorismo sustentável com dois vencedores de edições anteriores do evento: o diretor técnico do Grupo Ambipar, Gabriel Estevam; e o CEO da Brasil Health Service (BHS), José Francisco Roxo.
Em conversa com o jornalista Denis Russo Burgierman, eles descrevem o desenvolvimento dos seus projetos ganhadores e discutem o potencial dos negócios ambientalmente responsáveis no País. Idealizador do prêmio, Goldemberg ressalta que os negócios sustentáveis podem ser viáveis e rentáveis.
“Víamos a problemática [dos resíduos] enquanto estudantes de Engenharia Ambiental e notávamos a piora em nossas praias”, recorda Gabriel Estevam sobre suas motivações. “Comecei a pesquisar formas de criar alternativas para agregar valor a esses resíduos. A casca do camarão, por exemplo, é um grande gerador de resíduos e ainda não era utilizada para reaproveitamento”, conta.
“Começamos a fazer uma pesquisa para desenvolver uma espécie de farinha que pudesse produzir rações para cães e gatos. Fizemos testes para saber a viabilidade econômica desse processo. A casca do camarão e a cabeça eram inutilizadas, jogadas no rio. Criamos, então, a ração Susten”, lembra, sobre a pesquisa vencedora do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade.
José Francisco Roxo também recorda a preocupação com Logística Reversa que motivou seu projeto. Segundo ele, mais de 90% das pessoas não sabem que jogar um medicamento vencido no lixo de sua casa, ou em pias e vasos sanitários, gera um passivo ambiental muito grande.
“Buscamos, então, uma Logística Reversa na qual se sugere que a responsabilidade deve ser compartilhada pela cadeia produtiva: a pessoa levar o medicamento até a farmácia, que o destina por meio de um transporte adequado para a incineração.”
O professor Goldemberg observa que permanece otimista sobre o futuro da sustentabilidade e da ciência no País. “Em 2008, o presidente da Entidade decidiu criar um conselho sobre desenvolvimento sustentável, pois é uma área de interesse do comércio”, lembra. “Cada brasileiro produz um quilo de lixo e resíduos por dia. E um quilo por dia por pessoa, numa metrópole como São Paulo, significa toneladas. É importante saber que muito desse lixo é formado por produtos que podem ser usados, como as cabeças do camarão do projeto do Gabriel Estevam”, conclui o presidente do Conselho de Sustentabilidade da Entidade.
ENTREVISTADOS



CONTEÚDOS RELACIONADOS

Brasil encontra dificuldade para gerar receita acima dos gastos
Para Silvia Matos, do ‘Boletim Macro IBRE’, País está no negativo há mais de dez anos
ver em detalhes
Brasil e mundo vivem uma nova era geopolítica e tecnológica
De acordo com o cientista político Carlos Melo, a reorganização das forças globais deu origem a uma nova era “pós-Ocidente”
ver em detalhes
Na reforma do Estado brasileiro, foco deve estar no cidadão e no controle de gastos
Segundo Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper, e Felipe Salto, sócio da Warren Investimentos, é preciso superar o modelo federativo, que se esgotou
ver em detalhes