“Tecnologia impacta para o bem e para o mal”, diz pesquisadora da Columbia University
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Dentro de dez anos, a maior parte da população mundial terá acesso à internet. Mesmo em países subdesenvolvidos, com infraestrutura precária e sem boas redes elétricas, ainda assim as pessoas terão pelo menos um celular. Para Alexis Wichowski, gestora de pesquisas no Instituto Harmony e professora na School of International and Public Affairs (SIPA) da Columbia University, a tecnologia impacta na vida das pessoas para o bem e para o mal.
Durante entrevista ao UM BRASIL, a especialista disse ver a tecnologia como uma das ferramentas de comunicação mais eficientes do momento. “Ela tem gerado interferências significativas na sociedade. Algumas pessoas acham que cria maior distanciamento; outras, que agrega interesses em comum. A rede age em ambas as direções: ajudam ativistas a se conectarem e as pessoas que desejam o mal a se encontrarem”.
Em uma sociedade cada vez mais ávida por informação, aumenta a dificuldade de se manter dados em sigilo. “Antes das mídias sociais, se alguém tivesse um arquivo e quisesse compartilhá-lo com o público, teria que distribuí-lo fisicamente, por meio de cópias. Agora, é só apertar um botão. Uma vez que a informação é espalhada, não poderá ser retirada”, comenta.
Na era digital, os governos têm um desafio: saber manter informações em sigilo por motivos de segurança e usar as redes de maneira adequada para atingir o maior número de pessoas. “O ideal é utilizar essas ferramentas como pessoas e se conectarem a outras de forma pessoal. É claro que os ‘perfis’ podem falar sobre as suas decisões políticas, dar links para comunicados à imprensa, falar sobre estatísticas que sejam importantes, mas também deve ser humano, real.”
Para Alexis, transparência é fundamental e os governantes precisam esquecer a ideia de que podem falar uma coisa e fazer outra em suas políticas. “A hipocrisia será exposta nesta era muito rapidamente, porque há muita informação por aí.” O acesso à informação de qualquer parte do mundo continua sendo um dos maiores benefícios da tecnologia.
“Quando quero me informar, vou a um site agregador que tem várias manchetes sobre o mesmo tema. Posso ver a perspectiva liberal, conservadora ou a combinação das duas. Porém, quantas pessoas utilizam a tecnologia desta forma? É tentador serem sugadas para a diversão e ignorar seu potencial educativo.”
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