Sociedade brasileira se tornou avessa à corrupção, avaliam pesquisadores
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Apesar do momento conturbado que o País atravessa, instalou-se na sociedade um consenso de que, para o Brasil seguir se desenvolvendo, é preciso inclusão social, controle fiscal e combate à corrupção, avaliam os autores do livro “Brazil in Transition”.
Em entrevista ao UM BRASIL na Casa da Liberdade, em Paraty (RJ), os pesquisadores Bernard Mueller, Carlos Pereira e Lee Alston afirmaram que o processo de desenvolvimento de qualquer país não costuma ser tranquilo, mas que instituições sólidas são importantes para enfrentar ciclos ruins na política e na economia. “O Brasil saiu da rota em vários momentos e em várias áreas específicas”, diz Bernard Mueller, economista da Universidade de Brasília.
“Pensamos que o desenvolvimento dos Estados Unidos foi tranquilo, sem corrupção, mas não foi. Teve os mesmos tipos de problemas. O importante é ter instituições que trazem você de volta. Você erra e traz você de volta. O Brasil está mostrando que tem essas forças também.” Para o cientista político da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, Carlos Pereira, a sociedade brasileira desenvolveu um sentimento de intolerância à corrupção em função de casos envolvendo políticos e empresas estatais.
“Principalmente sob liderança da Operação Lava Jato, a sociedade brasileira foi exposta a um grau de corrupção nunca antes visto e se desenvolveu uma espécie de intolerância ou mesmo aversão à corrupção”, afirma Pereira. “Está se desenvolvendo no País um consenso de uma sociedade menos corrupta e que o Estado de Direito prevalece sobre um comportamento desviante.” Embora a sociedade demonstre que espera um comportamento idôneo dos agentes públicos, os políticos têm perdido a chance de ganharem adeptos a suas causas, avalia Lee Alston, pesquisador da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.
“Se agora não vemos nenhum político específico capturando essa janela de oportunidade, vemos, sim, juízes e promotores assumindo a liderança com a sociedade os seguindo, mas ainda é preciso adesão de representantes eleitos”, diz Alston.
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